O dízimo sempre foi um tema debatido entre os cristãos. Muitos se perguntam se essa prática ainda é uma obrigação nos dias de hoje ou se fazia parte apenas das leis do Antigo Testamento. Afinal, o dízimo é lei ou mandamento? Essa questão tem levado fiéis a refletirem sobre a vontade de Deus em relação às contribuições financeiras para a obra do Senhor.

Desde os tempos antigos, o dízimo foi estabelecido como parte do relacionamento entre Deus e Seu povo. No Antigo Testamento, ele aparece como uma prática comum entre os patriarcas e posteriormente se torna um mandamento dentro da Lei de Moisés. Já no Novo Testamento, a ênfase parece recair sobre a generosidade e a intenção do coração ao ofertar. Mas será que essa mudança significa que o dízimo deixou de ser uma obrigação para os cristãos?
Para responder a essa questão, é essencial compreender como o dízimo era praticado na Antiga Aliança e como os ensinamentos de Jesus e dos apóstolos abordam a contribuição na Nova Aliança. Além disso, há uma relação profunda entre essa prática e os princípios espirituais encontrados nos Salmos. O Salmo 24:1 nos lembra: “Do Senhor é a terra e a sua plenitude, o mundo e aqueles que nele habitam.” (ARC). Isso nos faz refletir sobre o verdadeiro dono de tudo o que possuímos e como nossa administração financeira deve ser guiada por princípios bíblicos.
No final deste artigo, explicaremos como esse Salmo se conecta com o tema do dízimo e sua aplicação na vida cristã. Mas antes, vamos explorar o que a Bíblia realmente ensina sobre essa prática e se o dízimo ainda deve ser considerado um mandamento para os cristãos.
Dízimo é um Mandamento
O dízimo é um mandamento que surgiu no contexto da Lei de Moisés, sendo estabelecido como uma obrigação para o povo de Israel. Na Antiga Aliança, essa prática não era opcional, mas sim uma determinação divina para a manutenção do sacerdócio levítico e do serviço no templo. Deus designou que uma parte da produção e dos bens do povo fosse dedicada exclusivamente aos levitas, que não possuíam herança própria entre as tribos de Israel.
A Bíblia deixa isso claro em Números 18:21 (ARC): “E aos filhos de Levi, eis que tenho dado todos os dízimos em Israel por herança, pelo ministério que executam, o ministério da tenda da congregação.”
Essa passagem demonstra que o dízimo não era apenas uma forma de contribuição voluntária, mas um sistema estabelecido para sustentar aqueles que serviam a Deus em tempo integral. Os levitas, responsáveis pelos serviços religiosos e pela manutenção do tabernáculo, dependiam diretamente dos dízimos trazidos pelo restante do povo. Esse modelo reforçava o princípio da provisão divina e da responsabilidade coletiva em sustentar a obra do Senhor.
Além disso, o dízimo era tratado como um ato de obediência e fidelidade a Deus. Ele representava o reconhecimento de que tudo pertencia ao Senhor e que o povo deveria confiar n’Ele para suprir suas necessidades. No entanto, surge a pergunta: esse mandamento continua valendo na Nova Aliança, ou Jesus trouxe uma nova perspectiva sobre a contribuição? No próximo tópico, exploraremos o que Cristo disse a respeito dessa prática e como os cristãos devem encará-la hoje.
O Que Jesus Disse Sobre o Dízimo
Durante Seu ministério, Jesus abordou diversas práticas religiosas da época, incluindo o dízimo. Ele reconheceu essa tradição entre os judeus, mas fez um alerta importante: não adianta seguir a lei ao pé da letra se o coração estiver distante de Deus. Em Sua repreensão aos fariseus, Cristo mostrou que eles eram meticulosos em entregar o dízimo, mas negligenciavam princípios mais importantes da fé.
Em Mateus 23:23 (ARC), Jesus declarou:
“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que dizimais a hortelã, o endro e o cominho, e desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé; deveis, porém, fazer estas coisas, e não omitir aquelas.”
Nessa passagem, Jesus não condenou a prática do dízimo. Pelo contrário, Ele afirmou que os fariseus deveriam continuar dizimando. No entanto, o problema estava na forma como eles priorizavam essa obrigação, deixando de lado valores essenciais, como justiça, misericórdia e fé. Em outras palavras, o dízimo era um mandamento dentro da lei judaica, mas não deveria substituir um coração sincero e temente a Deus.
Essa lição nos faz refletir: será que estamos apenas cumprindo regras ou realmente vivendo uma vida de fé? A contribuição financeira pode ser um ato de obediência, mas, sem amor e justiça, torna-se apenas um ritual vazio. Diante disso, surge um questionamento essencial: como os apóstolos orientaram os primeiros cristãos sobre a contribuição? No próximo tópico, veremos como a Nova Aliança trouxe uma nova perspectiva sobre esse tema.
A Contribuição na Nova Aliança
Com a vinda de Cristo e o estabelecimento da Nova Aliança, a forma de contribuição na igreja passou a ser vista sob uma nova perspectiva. Enquanto no Antigo Testamento o dízimo era um mandamento específico da Lei de Moisés, no cristianismo primitivo, os apóstolos enfatizaram a importância da generosidade e da disposição do coração ao ofertar.
O apóstolo Paulo, ao instruir a igreja em Corinto sobre a contribuição, ensinou que a oferta deve ser voluntária e motivada pela alegria de dar. Em 2 Coríntios 9:7 (ARC), ele escreveu:
“Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria.”
Essa passagem destaca uma diferença fundamental entre o dízimo como obrigação na Lei Mosaica e a contribuição no contexto da Nova Aliança. Na igreja primitiva, não havia um percentual fixo estipulado, mas sim um princípio de generosidade baseado no coração de cada cristão. A oferta deixava de ser uma imposição e se tornava um reflexo do amor e da gratidão a Deus.
Isso significa que a contribuição financeira continua sendo importante na vida cristã, mas deve ser feita com sinceridade, sem imposição e sem peso. A questão não é mais apenas se o dízimo é um mandamento, mas se o cristão está disposto a dar com alegria, reconhecendo que tudo vem de Deus. Assim, surge a pergunta: o dízimo ainda deve ser visto como uma obrigação para os cristãos? No próximo tópico, vamos analisar essa questão à luz das Escrituras.
O Dízimo Ainda é Obrigatório para os Cristãos
O debate sobre se o dízimo ainda é obrigatório para os cristãos tem gerado diferentes interpretações ao longo do tempo. Algumas denominações ensinam que o dízimo é um mandamento perpétuo, válido mesmo na Nova Aliança, enquanto outras defendem que, com a vinda de Cristo, a ênfase passou a ser a generosidade voluntária e não um percentual fixo estabelecido.
Entre aqueles que sustentam que o dízimo continua sendo um mandamento, o argumento principal é que Jesus não revogou essa prática. Em Mateus 23:23, Ele reconheceu o dízimo, mas destacou que a justiça, a misericórdia e a fé são ainda mais importantes. Dessa forma, algumas igrejas entendem que o cristão deve continuar a dizimar como parte de sua fidelidade a Deus e apoio à obra do Reino.
Por outro lado, muitos teólogos e denominações cristãs defendem que a contribuição na Nova Aliança não deve ser vista como uma obrigação legalista, mas sim como um ato de generosidade espontânea. Como Paulo ensinou em 2 Coríntios 9:7, cada um deve contribuir conforme seu coração, sem imposição ou peso. Nesse contexto, a doação não está limitada a um percentual específico, mas deve ser feita com alegria e gratidão.
Independentemente da visão adotada, o mais importante não é o valor ofertado, mas a atitude do coração ao contribuir. O significado do Salmo 24:1 nos lembra: “Do Senhor é a terra e a sua plenitude, o mundo e aqueles que nele habitam.” (ARC). Isso nos ensina que tudo o que possuímos pertence a Deus e que somos apenas administradores de Seus bens. Mais do que seguir uma regra, nossa contribuição deve refletir um coração disposto a reconhecer a soberania do Senhor sobre todas as coisas.
Portanto, a pergunta essencial não é apenas se o dízimo é lei ou mandamento, mas se estamos honrando a Deus com nossos recursos, ofertando com amor, generosidade e fidelidade. No fim, o que realmente importa não é a quantia entregue, mas o espírito com que se dá.