A Bíblia é rica em ensinamentos que nos ajudam a entender as forças espirituais que influenciam nossas vidas diárias. Um dos conceitos mais intrigantes e, ao mesmo tempo, fundamentais, é a ideia de que “eu crio o bem e o mal”, uma frase que reflete o poder e a soberania de Deus sobre todas as coisas, inclusive sobre as forças que governam o mundo. Essa expressão nos desafia a refletir sobre o papel de Deus na criação, no controle do bem e do mal e nas escolhas humanas.
Desde o início da história da humanidade, em Gênesis, vemos como o Senhor criou todas as coisas e estabeleceu as leis que governam a natureza e o comportamento humano. No entanto, a introdução do mal no mundo, com a queda de Adão e Eva, trouxe uma profunda reflexão sobre a liberdade humana e a responsabilidade em fazer escolhas entre o bem e o mal.
Esse conceito, de que Deus é soberano sobre o bem e o mal, está em sintonia com o que é expresso em diversos salmos. Um exemplo claro pode ser encontrado no significado do Salmo 34:15, que diz: “Os olhos do Senhor estão sobre os justos, e os seus ouvidos atentos ao seu clamor.” (Salmo 34:15, ARC). Este salmo nos lembra que, mesmo em um mundo em que o mal existe, Deus observa os justos e se importa com suas escolhas. Ele é o criador e mantenedor da ordem, mesmo em meio ao caos e ao sofrimento. Ao longo deste artigo, exploraremos como o Senhor cria o bem e o mal, como Ele permite o mal no mundo e o papel essencial do ser humano em suas escolhas morais.
No final, retornaremos a essa relação com o Salmo 34 e veremos como ele nos orienta a buscar o bem, mesmo em meio às dificuldades da vida.
A Criação do Bem e do Mal: O Que a Bíblia Ensina?
Quando refletimos sobre o conceito de “eu crio o bem e o mal”, é essencial voltarmos para o princípio da criação, conforme narrado nas Escrituras. A Bíblia, em sua profundidade, nos ensina que Deus é o Criador de todas as coisas, incluindo o bem e o mal, o que nos leva a entender sua soberania e o seu controle absoluto sobre a ordem do universo.

No início, em Gênesis 1:31, encontramos um relato que confirma que tudo o que Deus criou era bom: “E viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom.” (Gênesis 1:31, ARC). Deus fez o mundo e tudo nele com perfeição, o que inclui o bem, o qual é o reflexo do Seu caráter divino. No entanto, a questão do mal surge com a liberdade que Deus concedeu ao homem. Ele deu a Adão e Eva a capacidade de escolher entre obedecer ou desobedecer, um ato de liberdade que trouxe consigo a possibilidade de escolha pelo mal.
Em Gênesis 2:16-17, Deus instrui Adão sobre a árvore do conhecimento do bem e do mal: “E ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda a árvore do jardim comerás livremente; mas da árvore da ciência do bem e do mal, dela não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás.” (Gênesis 2:16-17, ARC). A criação dessa árvore, e a instrução de Deus para que não comêssemos dela, mostram que o mal foi permitido como parte do plano divino para que houvesse livre arbítrio. Ou seja, sem a possibilidade de escolha, não haveria verdadeira moralidade nem possibilidade de arrependimento ou redenção. O mal, então, se torna uma consequência da desobediência humana, mas sua existência também aponta para a misericórdia e a oportunidade de salvação que Deus oferece.
Portanto, a criação do bem e do mal está profundamente conectada com o conceito de livre arbítrio, dado por Deus ao ser humano. O mal não é uma criação direta de Deus, mas surge como resultado das escolhas humanas. No entanto, Deus, em Sua soberania, permite o mal com o propósito de mostrar a sua graça, justiça e a possibilidade de redenção através de Cristo.
Essa realidade nos ensina que o bem e o mal têm uma interdependência na história da salvação, e a escolha humana desempenha um papel fundamental na perpetuação de um ou outro. No entanto, mesmo diante do mal, a Bíblia nos assegura que Deus continua sendo soberano e que, no fim, o bem prevalecerá sobre o mal.
O Papel da Liberdade Humana na Definição do Bem e do Mal
A liberdade humana desempenha um papel central quando refletimos sobre a questão de “eu crio o bem e o mal”. Desde o momento em que Deus criou o homem à Sua imagem, Ele lhe concedeu o dom do livre arbítrio, uma capacidade que, embora abençoada, traz consigo grandes responsabilidades. O ser humano não foi feito para ser uma simples marionete, mas para tomar decisões conscientes e morais, com a liberdade de escolher entre o bem e o mal.
Em Gênesis 2:16-17, vemos claramente a importância dessa liberdade quando Deus ordena a Adão: “E ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda a árvore do jardim comerás livremente; mas da árvore da ciência do bem e do mal, dela não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás.” (Gênesis 2:16-17, ARC). A ordem divina, ao mesmo tempo em que oferece uma abundância de liberdade, estabelece um limite claro: o ser humano pode escolher entre todas as árvores, mas a árvore do conhecimento do bem e do mal é a única proibida. Esse mandamento mostra que a liberdade humana está diretamente ligada à escolha moral. O que Deus espera é que o homem faça escolhas que estejam alinhadas à Sua vontade, buscando o bem e rejeitando o mal.
A liberdade, então, não é apenas a capacidade de agir, mas de escolher entre o bem e o mal, e isso é o que confere ao ser humano a verdadeira moralidade. A escolha de Adão e Eva de desobedecer a Deus e comer do fruto proibido foi, na verdade, uma escolha pelo mal. Essa decisão trouxe consigo a separação entre o homem e Deus, o sofrimento e a morte, consequências do mal que surgem quando o ser humano usa sua liberdade de maneira errada.
É fundamental compreender que, ao criar o bem e o mal, Deus nos deu a liberdade de escolher, mas Ele também nos advertiu sobre as consequências de nossas escolhas. O mal existe porque Deus nos permitiu escolher entre as opções que Ele ofereceu, mas Ele não criou o mal diretamente. O mal, na realidade, surge da rejeição da vontade divina, e é nessa liberdade de escolha que a responsabilidade humana se torna clara.
Além disso, a liberdade humana implica também na oportunidade de redenção. A mesma liberdade que pode levar ao mal também pode ser usada para escolher o bem, e é através dessa escolha que o ser humano é chamado a se reconciliar com Deus. No fim, a liberdade de escolha é um reflexo do amor de Deus, que não nos força a amá-Lo, mas nos convida a segui-Lo com um coração livre.
Deus Criador: O Bom e O Mal Como Aspectos da Sua Vontade
Quando consideramos que “eu crio o bem e o mal”, é importante refletir sobre a soberania de Deus sobre todas as coisas, inclusive sobre o bem e o mal. Deus, em Sua infinita sabedoria e poder, é o Criador de tudo o que existe, e isso inclui tanto o bem quanto o mal, ainda que o mal não seja criação direta de Deus, mas algo que resulta das escolhas humanas. Deus, ao criar o mundo, estabeleceu um equilíbrio e um propósito em todas as coisas, inclusive na coexistência do bem e do mal.
Na Bíblia, vemos que o mal não surge fora do controle de Deus, mas, de certa forma, faz parte do Seu plano maior para o mundo. Em Isaías 45:7, Deus declara: “Eu formo a luz e crio as trevas; faço a paz e crio o mal. Eu sou o Senhor, que faço todas essas coisas.” (Isaías 45:7, ARC). Essa passagem revela que Deus é soberano sobre todos os aspectos da criação, incluindo o mal. Embora Deus não seja o autor do mal em um sentido moral, Ele permite a sua existência, muitas vezes para cumprir um propósito maior em Seu plano redentor.
O mal, nesse contexto, se torna uma ferramenta para o cumprimento dos propósitos divinos. Por exemplo, o sofrimento e o mal no mundo muitas vezes servem para testar a fé do homem, purificar o caráter ou para mostrar a grandiosidade do amor e da graça de Deus. Isso é evidenciado na história de Jó, um homem que enfrentou grandes sofrimentos, mas cuja fidelidade a Deus foi recompensada no final, mostrando que até mesmo o mal e o sofrimento podem ser usados por Deus para trazer algo bom.
Deus permite que o mal exista porque Ele deu ao homem o livre arbítrio, a liberdade de fazer escolhas morais. Quando Adão e Eva escolheram desobedecer a Deus, o mal entrou no mundo, mas Deus, em Sua soberania, ainda tem controle sobre todas as coisas. Ele permite o mal, mas também traz o bem a partir dele, como a redenção oferecida por meio de Jesus Cristo. Isso demonstra que, embora o mal tenha sido uma consequência do pecado humano, Deus usa até as ações humanas erradas para cumprir Seus desígnios divinos.
Por fim, o fato de Deus ser o Criador do bem e do mal nos lembra que, apesar de vivermos em um mundo onde o mal parece prevalecer muitas vezes, Deus continua soberano. Ele tem um plano maior para a humanidade e para o mundo, e, no final, o bem triunfará sobre o mal, como vemos nas promessas de restauração no Novo Testamento. O mal, portanto, não é fora do controle de Deus, mas uma parte do grande plano divino que culminará em Sua vitória sobre o mal e no estabelecimento de um novo céu e uma nova terra.
A Interpretação do Bem e do Mal em Diferentes Tradições Cristãs
Quando refletimos sobre a frase “eu crio o bem e o mal”, é importante notar que diferentes tradições cristãs oferecem diversas interpretações sobre como entender a origem e o papel do bem e do mal no plano divino. Embora todas as tradições cristãs reconheçam a soberania de Deus sobre o universo, há variações na forma como o mal é visto, sua origem e seu papel na história da salvação.
Uma das abordagens mais comuns, especialmente nas igrejas protestantes, enfatiza que o mal é uma consequência da escolha humana, particularmente com a queda de Adão e Eva no Éden. Segundo essa visão, o mal não é diretamente criado por Deus, mas é uma permissão divina, resultado do livre arbítrio dado ao ser humano. A liberdade para escolher o bem ou o mal é essencial para a moralidade, e, portanto, o mal surge quando os seres humanos escolhem agir contra a vontade de Deus. Essa ideia está bem representada no livro de Gênesis, quando Deus ordena que Adão e Eva não comam do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal (Gênesis 2:16-17). A visão protestante geralmente enfatiza que o mal é uma consequência do pecado humano, mas que Deus ainda usa o mal de maneiras misteriosas para cumprir Seus propósitos.
Na tradição católica, há uma ênfase maior no papel do pecado original e no conceito de que o mal é uma distorção da boa criação de Deus. Deus criou o mundo bom, mas o mal entrou na criação por meio da desobediência humana. Os católicos também acreditam que Deus usa o mal para educar e purificar os crentes, com a intenção de trazer o bem a partir do sofrimento. Esse conceito está alinhado com a ideia de que, através do sofrimento e das adversidades, Deus pode moldar os corações humanos para maior santidade, algo que é ilustrado na figura de Cristo que sofreu para redimir a humanidade.
Por outro lado, algumas tradições cristãs, como a tradição ortodoxa, têm uma visão mais mística e profunda sobre o mal, frequentemente descrevendo-o como um afastamento do propósito divino e uma negação da bondade intrínseca da criação. A Igreja Ortodoxa acredita que Deus não cria o mal diretamente, mas permite que ele exista dentro do livre-arbítrio humano, e o mal se manifesta na separação da vontade de Deus. No entanto, elas também enfatizam que Deus, em Sua bondade infinita, pode transformar o mal em algo bom ao final, conforme Sua justiça e misericórdia.
Independentemente das diferenças nas interpretações, há um ponto comum entre as diversas tradições cristãs: todas reconhecem a soberania de Deus sobre o bem e o mal e afirmam que, em última análise, o bem prevalecerá. Mesmo que o mal exista no mundo como consequência do pecado, ele nunca escapará do controle de Deus, e Ele usará o mal para cumprir Seus planos redentores.
Essa visão é apoiada por passagens bíblicas como Isaías 45:7, que declara: “Eu formo a luz e crio as trevas; faço a paz e crio o mal. Eu sou o Senhor, que faço todas essas coisas.” (Isaías 45:7, ARC). Essa passagem reflete a ideia de que, embora o mal seja uma consequência da escolha humana, Deus ainda exerce controle sobre ele, permitindo que, no final, Ele transforme o mal em algo que cumprirá Seus propósitos divinos.
Portanto, a interpretação do bem e do mal nas diferentes tradições cristãs oferece uma rica diversidade de perspectivas, todas com base na soberania de Deus, na liberdade humana e no fato de que, por mais que o mal tenha entrado no mundo, Deus usará todas as coisas para o bem, conforme Sua vontade perfeita e justa.
O Caminho do Bem no Mundo de Escolhas
Ao longo deste artigo, exploramos o profundo mistério de “eu crio o bem e o mal” e como a Bíblia nos ensina a compreender essas forças dentro do plano divino. A criação do bem e do mal é, em última análise, uma questão de soberania de Deus, que, ao conceder liberdade ao ser humano, também permite a escolha entre o bem e o mal. Embora o mal tenha surgido como uma consequência do pecado, Deus, em Sua infinita sabedoria, usa até o mal para cumprir Seus propósitos redentores.
A liberdade humana, dada por Deus desde o princípio, revela-se essencial para que o homem possa escolher o caminho do bem. No entanto, a existência do mal não é algo que escapa ao controle divino, mas algo que Deus permite para que, no fim, o bem prevaleça. Essa visão de uma escolha moral e responsável é central para o entendimento cristão sobre o sofrimento e a justiça de Deus.
A relação desse tema com o Salmo 34:15, citado no início do artigo, é clara. O salmo nos lembra que “Os olhos do Senhor estão sobre os justos, e os seus ouvidos atentos ao seu clamor.” (Salmo 34:15, ARC). Mesmo em um mundo onde o mal parece prevalecer por vezes, Deus está atento às escolhas daqueles que buscam o bem. Ele observa as ações dos justos, aqueles que, mesmo em meio ao mal, escolhem seguir o caminho da obediência e da justiça. O salmo nos oferece conforto, pois nos assegura que, apesar das adversidades, Deus está atento aos que buscam fazer o bem, e Ele responde ao clamor daqueles que o procuram.
Em um mundo de escolhas, Deus nos chama para seguir o caminho do bem, confiando em Sua sabedoria e justiça. Ele não nos força, mas nos convida a escolher livremente o caminho da vida, sabendo que, ao fazermos isso, estamos alinhando nossas ações com Sua vontade divina. O mal pode existir, mas a promessa de Deus é que, ao final, o bem triunfará sobre o mal. E, assim, somos chamados a confiar, a orar e a seguir o exemplo de justiça que Ele estabeleceu em Sua Palavra.
Portanto, a escolha entre o bem e o mal é nossa, mas a segurança está em saber que, mesmo em meio ao mal, Deus observa e cuida daqueles que escolhem o caminho da justiça. Ao fazer isso, nos aproximamos mais da verdadeira paz e da presença de Deus, conforme prometido nas Escrituras.