A afirmação de que Jesus veio para cumprir a lei é uma das declarações mais importantes de Seu ministério terreno. Muitas vezes, há dúvidas sobre o que isso significa e qual foi o impacto dessa afirmação para os judeus daquela época e para os cristãos hoje. Para compreender essa verdade, é essencial olhar para as Escrituras e entender como Cristo se relacionava com a Lei e os Profetas.
Em Mateus 5:17, Jesus declara com clareza: “Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim abrogar, mas cumprir.” (Mateus 5:17 – ARC). Esse versículo nos ensina que Ele não veio para anular a Lei Mosaica, mas para realizá-la plenamente. Isso significa que tudo o que estava escrito no Antigo Testamento apontava para Ele e encontrava Nele sua plena manifestação.
Desde os primeiros capítulos da Bíblia, Deus estabeleceu mandamentos e preceitos para Seu povo, revelando Sua vontade e estabelecendo um padrão de santidade. No entanto, a humanidade, por causa do pecado, nunca conseguiu cumprir perfeitamente a Lei. Por isso, a vinda de Jesus era necessária, pois somente Ele poderia cumprir integralmente os mandamentos divinos e trazer redenção para todos.
Além disso, a relação entre a Lei e Cristo está profundamente conectada à mensagem dos Salmos, que frequentemente exaltam a justiça e os preceitos divinos. O Salmo 119 explicação, por exemplo, celebra a perfeição da Lei de Deus e o prazer em segui-la: “A tua palavra é muito pura; por isso, o teu servo a ama.” (Salmos 119:140 – ARC). No final deste artigo, explicaremos a relação entre Jesus veio para cumprir a lei e esse Salmo.
Portanto, ao compreendermos que Jesus veio não para abolir, mas para cumprir a Lei, percebemos que Ele trouxe sua plenitude, mostrando que a justiça divina se cumpre por meio Dele. Nos próximos tópicos, exploraremos como essa verdade impacta nossa fé e de que maneira Cristo cumpriu a Lei em cada aspecto de Sua vida e obra.

O que Significa Cumprir a Lei Segundo a Bíblia?
Para compreender o significado de cumprir a Lei segundo a Bíblia, é essencial analisar as palavras de Jesus e como elas se relacionam com o propósito divino. Quando Cristo afirmou: “Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim abrogar, mas cumprir.” (Mateus 5:17 – ARC), Ele estava destacando que Sua missão não era anular os mandamentos divinos, mas sim realizá-los de forma plena e definitiva.
A Lei, conforme revelada no Antigo Testamento, tinha múltiplos propósitos. Primeiramente, servia para demonstrar a santidade de Deus e a necessidade da obediência. Além disso, revelava a incapacidade humana de atingir a justiça por seus próprios méritos, apontando para a necessidade de um Salvador. Jesus veio para cumprir a Lei não apenas obedecendo a cada um de seus mandamentos, mas também trazendo a interpretação correta e revelando seu verdadeiro significado.
No Sermão da Montanha, logo após afirmar que veio para cumprir a Lei, Jesus acrescenta: “Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota nem um til se omitirá da lei, sem que tudo seja cumprido.” (Mateus 5:18 – ARC). Isso demonstra que a Lei permanece até que seja completamente realizada, o que ocorreu em Cristo.
Existiam diferentes aspectos da Lei no Antigo Testamento:
- Lei moral – Representada nos Dez Mandamentos e nos princípios que definem a santidade e a conduta reta. Jesus cumpriu essa Lei vivendo sem pecado.
- Lei cerimonial – Incluía rituais, sacrifícios e festividades que apontavam para o Messias. Em Cristo, essas práticas foram cumpridas, pois Ele se tornou o sacrifício perfeito.
- Lei civil – Normas dadas especificamente a Israel como nação. Muitas dessas leis não se aplicam diretamente aos cristãos hoje, mas os princípios de justiça e retidão permanecem.
Paulo reforça esse entendimento ao dizer: “Porque o fim da lei é Cristo, para justiça de todo aquele que crê.” (Romanos 10:4 – ARC). Esse versículo esclarece que Jesus não apenas cumpriu a Lei, mas também trouxe a justiça que ela exigia.
Portanto, ao dizer que Jesus veio para cumprir a lei, a Bíblia nos ensina que Ele viveu em total obediência, revelou sua essência e consumou seu propósito por meio de Sua morte e ressurreição. Nos próximos tópicos, exploraremos como a Lei e os Profetas apontavam para Cristo e como devemos entender a relação entre a Antiga e a Nova Aliança.
A Lei e os Profetas Apontavam para Cristo
A afirmação de que Jesus veio para cumprir a lei está diretamente conectada ao fato de que tanto a Lei como os Profetas apontavam para Ele. Desde o início, Deus revelou Seu plano de redenção através das Escrituras, preparando o caminho para a vinda do Messias. Tudo o que foi ensinado na Lei Mosaica e proclamado pelos profetas tinha o propósito de conduzir o povo de Deus a Cristo.
Jesus confirmou essa verdade após Sua ressurreição, ao falar com dois discípulos no caminho de Emaús: “E, começando por Moisés e por todos os profetas, explicava-lhes o que dele se achava em todas as Escrituras.” (Lucas 24:27 – ARC). Isso demonstra que cada elemento da Lei e cada profecia do Antigo Testamento tinham em Cristo seu cumprimento final.
A Lei Mosaica estabeleceu princípios que revelavam a santidade de Deus e a necessidade de um mediador entre Deus e os homens. Os sacrifícios de animais eram sombras do sacrifício perfeito de Jesus, como ensinado em Hebreus 10:1: “Porque tendo a lei a sombra dos bens futuros, e não a imagem exata das coisas, nunca, pelos mesmos sacrifícios que continuamente se oferecem cada ano, pode aperfeiçoar os que a eles se chegam.” (Hebreus 10:1 – ARC). Ou seja, os rituais antigos eram apenas representações temporárias do verdadeiro sacrifício que Cristo realizaria.
Os profetas do Antigo Testamento também anunciaram a vinda do Messias e Seu papel na redenção da humanidade. Isaías profetizou claramente sobre o Servo Sofredor que tomaria sobre Si as iniquidades do povo: “Mas ele foi ferido pelas nossas transgressões, e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.” (Isaías 53:5 – ARC).
Além disso, Jesus enfatizou que Ele era o cumprimento das profecias messiânicas. Em João 5:39, Ele disse aos líderes religiosos: “Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam.” (João 5:39 – ARC). Isso significa que todas as Escrituras convergem para Cristo como a revelação máxima da vontade de Deus.
Portanto, ao declarar que Jesus veio para cumprir a lei, as Escrituras nos mostram que Ele não apenas seguiu a Lei, mas também a preencheu completamente em significado. Ele é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, o Sumo Sacerdote eterno e o Rei prometido desde a antiguidade. Nos próximos tópicos, veremos se Jesus aboliu a Lei ou a aperfeiçoou e qual o impacto disso na vida cristã.
Jesus Aboliu a Lei ou a Aperfeiçoou?
Diante da afirmação de que Jesus veio para cumprir a lei, surge a pergunta: Ele a aboliu ou a aperfeiçoou? Para responder a essa questão, é necessário compreender o que a Bíblia ensina sobre a relação entre a Antiga e a Nova Aliança.
Jesus declarou claramente em Mateus 5:17: “Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim abrogar, mas cumprir.” (Mateus 5:17 – ARC). O termo “abrogar” significa anular ou revogar, o que indica que Ele não veio para invalidar a Lei, mas para dar pleno cumprimento a ela.
No entanto, isso não significa que os cristãos devam seguir todas as ordenanças da Lei Mosaica da mesma forma que o povo de Israel no Antigo Testamento. O apóstolo Paulo explica que a Lei teve um propósito específico: “De maneira que a lei nos serviu de aio, para nos conduzir a Cristo, para que, pela fé, fôssemos justificados.” (Gálatas 3:24 – ARC). Isso significa que a Lei funcionava como um guia temporário, conduzindo as pessoas ao entendimento de que precisavam de um Salvador.
Dessa forma, Jesus não aboliu a Lei, mas a aperfeiçoou, revelando seu verdadeiro significado e consumando seu propósito. Podemos perceber isso em três aspectos principais:
- Cumprindo a Lei moral – Jesus viveu em completa obediência aos mandamentos divinos, sem pecado, tornando-se o modelo perfeito de justiça.
- Satisfazendo a Lei cerimonial – Os sacrifícios do Antigo Testamento apontavam para Ele. Com Sua morte e ressurreição, Ele se tornou o sacrifício definitivo, eliminando a necessidade dos rituais antigos.
- Transformando a Lei civil – As leis dadas especificamente a Israel como nação não se aplicam mais da mesma forma aos cristãos, mas os princípios de justiça e retidão ainda devem ser seguidos.
Hebreus 8:13 afirma: “Dizendo Nova Aliança, envelheceu a primeira. Ora, o que foi tornado velho e se envelhece, perto está de acabar.” (Hebreus 8:13 – ARC). Isso mostra que a Antiga Aliança cedeu lugar à Nova Aliança, baseada na graça e na fé em Cristo.
Portanto, a obra de Jesus não anulou a Lei, mas a levou ao seu pleno cumprimento. Agora, a justiça de Deus não se baseia na observância de mandamentos externos, mas na fé em Cristo, que nos transforma internamente. No próximo tópico, veremos como devemos viver sob a graça, mas sem ignorar a Lei.
Como Devemos Viver Sob a Graça, Mas Sem Ignorar a Lei?
Ao compreender que Jesus veio para cumprir a lei, surge uma questão essencial para os cristãos: como devemos viver sob a graça sem ignorar os mandamentos de Deus? Se Cristo cumpriu a Lei e estabeleceu uma Nova Aliança, qual deve ser a nossa relação com os preceitos divinos?
A resposta está na forma como a graça transforma a nossa obediência. O apóstolo Paulo ensina que a salvação não vem pelo cumprimento da Lei, mas pela fé: “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós, é dom de Deus.” (Efésios 2:8 – ARC). No entanto, isso não significa que podemos viver de qualquer maneira, ignorando os princípios divinos. Pelo contrário, quem verdadeiramente recebeu a graça de Deus terá prazer em obedecer à Sua vontade.
Jesus reforçou essa verdade quando declarou: “Se me amais, guardai os meus mandamentos.” (João 14:15 – ARC). Ou seja, a obediência não é um meio de salvação, mas uma resposta de amor a Deus. A Lei continua a ser um padrão de justiça e santidade, e o Espírito Santo nos capacita a vivê-la de maneira que não seria possível pela força humana.
A Relação com o Salmo 119
Essa harmonia entre Lei e graça se conecta diretamente ao Salmo 119, citado anteriormente no artigo. Esse Salmo expressa o amor pela Palavra de Deus e a importância de segui-la: “Lâmpada para os meus pés é tua palavra e luz, para o meu caminho.” (Salmos 119:105 – ARC). Isso demonstra que, mesmo vivendo sob a graça, a Palavra de Deus continua sendo nossa bússola espiritual.
A diferença é que, enquanto a antiga obediência à Lei era baseada no esforço humano, agora, pela fé em Cristo, seguimos os mandamentos com um coração transformado. O Espírito Santo escreve a Lei de Deus em nosso coração, conforme Jeremias profetizou: “Porei a minha lei no seu interior e a escreverei no seu coração; e eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo.” (Jeremias 31:33 – ARC).
Portanto, viver sob a graça significa que não seguimos a Lei por obrigação, mas por amor e gratidão. Cristo nos libertou da maldição da Lei (Gálatas 3:13), mas nos ensinou a vivermos em santidade e comunhão com Deus. Assim, a Palavra continua sendo nossa guia, e a obediência deixa de ser um peso para se tornar um privilégio.
Reflexão final
Com isso, entendemos que Jesus veio para cumprir a lei, não para anulá-la, mas para trazer seu verdadeiro significado. A Lei e os Profetas sempre apontaram para Ele, e em Cristo encontramos sua plena realização. Agora, vivemos sob a graça, guiados pelo Espírito Santo, e seguimos os princípios divinos não como um fardo, mas como um reflexo do amor de Deus em nós.