A unção é uma das práticas mais simbólicas e profundas da Bíblia. Muito mais do que o simples ato de derramar óleo sobre alguém, ela carrega consigo um significado espiritual de separação, capacitação e autoridade divina. Desde os tempos antigos, Deus usou a unção para marcar pessoas escolhidas, como reis, sacerdotes e profetas, com uma missão específica e um propósito santo.

O que é unção
O que é unção

Ao olharmos para a história de Davi, vemos claramente esse princípio em ação:

“Então Samuel tomou o vaso do azeite, e ungiu-o no meio de seus irmãos; e, desde aquele dia em diante, o Espírito do Senhor se apoderou de Davi.” (1 Samuel 16:13, ARC)

Essa passagem nos mostra que a unção não era apenas um ritual externo, mas um momento transformador, onde o Espírito do Senhor passou a agir com poder na vida de Davi. A unção, portanto, é um selo de Deus sobre alguém que foi separado para algo maior.

Com o passar dos séculos, o conceito de unção foi se expandindo e sendo compreendido de outras formas, inclusive no contexto do cuidado com os enfermos e nas práticas relacionadas ao fim da vida, como a chamada extrema unção. Cada uma dessas aplicações carrega elementos distintos, mas todas estão ligadas ao mesmo princípio: a presença e a ação de Deus sobre a vida humana.

E para aprofundar ainda mais esse entendimento, vamos explorar ao longo deste artigo:

  • o que significa unção,
  • o que é extrema unção,
  • e o que é unção dos enfermos.

Além disso, ao final deste estudo, vamos compreender como o salmo 23, um dos textos mais conhecidos e reconfortantes da Bíblia, se conecta profundamente com o tema da unção. Acompanhe até o fim para descobrir essa conexão poderosa.

O que Significa Unção

Para entender profundamente o que significa unção, é preciso ir além da imagem do óleo sendo derramado. A unção, na Bíblia, carrega um sentido espiritual que vai muito além do gesto físico. Ela representa a ação do próprio Deus sobre a vida de uma pessoa, concedendo autoridade, direção e poder para cumprir uma missão divina.

No Antigo Testamento, podemos ver o uso do óleo ungido na Bíblia no processo de unção que era realizado por profetas ou sacerdotes, normalmente com azeite, e simbolizava que aquela pessoa estava sendo separada por Deus para uma função sagrada. Reis como Saul, Davi e Salomão, por exemplo, foram ungidos diante do povo como uma confirmação visível de seu chamado divino. No entanto, ainda que o azeite fosse visível, o que realmente importava era a presença do Espírito de Deus que acompanhava esse ato.

Já no Novo Testamento, vemos a unção sendo apresentada como algo ainda mais profundo: não apenas um gesto simbólico, mas uma realidade espiritual vivida por quem é cheio do Espírito Santo. Jesus deixa isso claro em sua leitura na sinagoga de Nazaré:

“O Espírito do Senhor é sobre mim, pois que me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me a curar os quebrantados do coração.” (Lucas 4:18, ARC)

Essa declaração mostra que a unção é diretamente ligada ao cumprimento do propósito divino. Jesus não apenas foi ungido com óleo, Ele foi ungido com o Espírito de Deus, o que o capacitou a anunciar boas-novas, curar, libertar e restaurar.

Portanto, o que significa unção vai muito além de uma cerimônia religiosa: trata-se de um selo espiritual que confirma que Deus está presente, atuando e capacitando alguém para uma missão específica. A unção não depende mais apenas de um ritual externo, mas da presença viva do Espírito Santo, que age no íntimo de cada cristão disposto a viver segundo o chamado de Deus.

A unção dos enfermos é uma prática presente nas Escrituras que une fé, oração e ação pastoral. Mais do que um simples gesto simbólico, ela representa a intervenção de Deus na vida daquele que sofre com enfermidades, demonstrando cuidado, comunhão e esperança de restauração.

A base bíblica mais clara para essa prática está na epístola de Tiago, onde a igreja primitiva é orientada da seguinte forma:

“Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e orem sobre ele, ungindo-o com azeite em nome do Senhor.” (Tiago 5:14, ARC)

Essa passagem nos revela um modelo de cuidado espiritual que envolve três elementos centrais:

  1. O reconhecimento da necessidade – “Está alguém entre vós doente?”
  2. A ação da liderança espiritual – “Chame os presbíteros da igreja…”
  3. A unção com azeite acompanhada de oração – “… e orem sobre ele, ungindo-o com azeite em nome do Senhor.”

Nesse contexto, o azeite não é visto como curador por si só, mas como um símbolo da presença do Espírito Santo, que atua conforme a soberania e misericórdia de Deus. O gesto de ungir com azeite em nome do Senhor aponta para a fé na atuação divina, tanto na cura física quanto no fortalecimento emocional e espiritual.

É importante destacar que a unção dos enfermos não substitui tratamentos médicos, mas complementa o cuidado com a dimensão espiritual da enfermidade, algo que a medicina não pode alcançar por meios naturais. Ela também é um momento de conforto, encorajamento e fortalecimento para o doente, e um lembrete da compaixão de Deus em tempos de dor.

Por fim, essa prática reforça a comunhão entre os membros da igreja, o papel dos líderes espirituais no cuidado pastoral, e a confiança de que Deus continua operando milagres e oferecendo consolo, mesmo nos momentos mais frágeis da vida humana.

O que é extrema unção

A expressão “extrema unção” é frequentemente associada ao momento em que uma pessoa está gravemente enferma ou próxima da morte, e recebe orações acompanhadas da unção com óleo. Essa prática tem raízes em tradições cristãs antigas, sendo conhecida especialmente entre grupos que buscavam oferecer conforto espiritual e perdão dos pecados no fim da vida.

No entanto, é importante esclarecer que o termo “extrema unção” não aparece na Bíblia. O fundamento que muitas igrejas utilizam para essa prática está em Tiago 5:14, já citado anteriormente. Mas vale destacar que o texto bíblico fala da oração com unção pelos enfermos com o propósito de cura, e não especificamente em situações de morte iminente.

A ideia de extrema unção surgiu mais tardiamente, principalmente a partir de interpretações e tradições desenvolvidas na história da Igreja. Em alguns contextos, ela passou a ser vista como um sacramento de passagem, uma espécie de “último rito” antes da morte. No entanto, essa visão não se alinha exatamente com a proposta original de Tiago, que enfatiza fé, cura e restauração.

Do ponto de vista bíblico, a ênfase está no poder da oração e na fé no agir de Deus, não apenas como um consolo no leito de morte, mas como um clamor por restauração, seja do corpo, da alma ou do espírito.

Assim, ao refletirmos sobre o que é extrema unção, é essencial compreender que a unção com óleo deve ser vista como expressão de fé viva, não como um rito mecânico, e muito menos como um ato limitado ao fim da vida. O que está em jogo é a confiança no Senhor que cura, consola e salva, seja qual for o desfecho da situação.

A importância da unção na vida do cristão hoje

Em um mundo marcado por incertezas, distrações e desafios espirituais constantes, compreender e viver o verdadeiro significado da unção torna-se cada vez mais essencial para todo cristão. A unção não é algo restrito ao passado ou a líderes religiosos específicos. Pelo contrário, ela continua sendo uma realidade espiritual acessível e transformadora para todos os que desejam viver segundo a vontade de Deus.

Hoje, embora não estejamos mais em tempos em que reis são coroados com azeite por profetas, o Espírito Santo continua ungindo vidas com poder, sabedoria e discernimento para enfrentar os desafios do cotidiano e cumprir o chamado de Deus.

Essa unção espiritual se manifesta de diversas formas:

  • Quando alguém é fortalecido em meio à enfermidade,
  • Quando recebe direção clara em tempos de dúvida,
  • Ou quando encontra ousadia para falar do amor de Cristo mesmo diante da oposição.

A unção também nos lembra que não fomos chamados para viver na força do nosso próprio braço, mas sim sob a direção e capacitação de Deus. É ela que diferencia o agir humano do mover divino. Por isso, buscar uma vida sensível ao Espírito e dedicada em oração é essencial para quem deseja andar em autoridade espiritual.

Além disso, a unção traz consolo. Em momentos de luto, cansaço ou confusão, ela renova a esperança e restaura a alma. É uma presença invisível, mas perceptível, que sustenta o cristão na caminhada diária.

Viver debaixo da unção é, portanto, viver debaixo da influência do Espírito Santo. É permitir que Ele nos conduza, nos corrija, nos capacite e nos use para abençoar outros. E mesmo sem cerimônias visíveis, essa unção continua sendo um marco divino na vida de quem se entrega ao Senhor com sinceridade.

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