Ao longo de sua vida e ministério, o apóstolo Paulo passou por diversas experiências marcantes, mas poucas são tão intrigantes quanto a revelação celestial que ele menciona em sua segunda carta aos Coríntios. Quando Paulo foi ao terceiro céu, ele testemunhou algo grandioso e inefável, uma visão espiritual que ele próprio admite não ser possível descrever completamente. Essa experiência não apenas reforçou sua fé, mas também trouxe ensinamentos profundos sobre humildade, graça e a soberania de Deus.
Na passagem bíblica que relata esse acontecimento, Paulo explica:
“Conheço um homem em Cristo que, há catorze anos (se no corpo, não sei; se fora do corpo, não sei; Deus o sabe), foi arrebatado até ao terceiro céu. E sei que o tal homem (se no corpo, se fora do corpo, não sei; Deus o sabe) foi arrebatado ao paraíso; e ouviu palavras inefáveis, que ao homem não é lícito falar.” (2 Coríntios 12:2-4 – ARC)
Embora Paulo utilize a expressão “um homem em Cristo”, a maioria dos estudiosos entende que ele está falando de si mesmo, provavelmente para evitar qualquer forma de exaltação pessoal. Ele faz questão de ressaltar que não sabe exatamente se essa experiência aconteceu fisicamente ou apenas em espírito, mas o que importa é que ele foi levado a uma dimensão celestial onde recebeu revelações que não poderiam ser ditas aos homens.
A expressão “terceiro céu” sugere uma realidade além do que é visível e tangível. No pensamento judaico da época, o primeiro céu era a atmosfera, o segundo representava os astros e o terceiro correspondia à morada de Deus. Essa visão foi uma das experiências mais profundas que Paulo teve, mas, curiosamente, ele não a menciona para se vangloriar, e sim para mostrar como Deus trabalha em sua vida.
Ainda que essa revelação tenha sido grandiosa, Paulo não a utiliza como prova de superioridade espiritual, pois logo em seguida ele fala sobre sua fraqueza e dependência da graça divina. No decorrer deste artigo, exploraremos o significado dessa experiência, seu impacto no ministério de Paulo e as lições espirituais que podemos aprender com esse evento extraordinário, também iremos relacionar esse tema com o salmo 73 explicação.

O Que Significa o Terceiro Céu na Bíblia?
A expressão “terceiro céu” mencionada por Paulo em sua carta aos Coríntios desperta curiosidade e questionamentos sobre sua real significação. Na tradição judaico-cristã, o conceito de diferentes “céus” aparece em diversas passagens das Escrituras, sugerindo níveis distintos dentro da criação de Deus. Mas o que exatamente significa o terceiro céu na Bíblia?
Para entender essa expressão, é necessário compreender como a Bíblia descreve os céus. De acordo com a interpretação mais aceita, as Escrituras fazem referência a três céus:
- O primeiro céu – Refere-se à atmosfera terrestre, onde se encontram as nuvens e onde ocorre o ciclo natural da chuva. Um exemplo disso está no livro de Gênesis, quando Deus criou os céus e a terra (Gênesis 1:6-8).
- O segundo céu – Representa a esfera cósmica, onde estão os astros, como o sol, a lua e as estrelas. Este é o céu mencionado em passagens como Salmos 19:1: “Os céus manifestam a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos.”
- O terceiro céu – Este é o nível celestial onde está o trono de Deus, o lugar de Sua habitação. Quando Paulo foi ao terceiro céu, ele não estava falando de um espaço físico, mas de uma dimensão espiritual, a morada divina que transcende a criação material.
A menção ao terceiro céu em 2 Coríntios 12:2 indica que Paulo teve uma experiência sobrenatural e foi levado à presença de Deus. Ele descreve esse lugar como um paraíso, utilizando uma linguagem semelhante à que Jesus empregou ao falar com o ladrão arrependido na cruz:
“E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso.” (Lucas 23:43 – ARC)
O uso do termo “paraíso” reforça a ideia de que o terceiro céu é a morada de Deus, onde os fiéis desfrutarão da comunhão eterna com Ele. Ao longo do artigo, veremos como essa experiência influenciou o ministério de Paulo e quais lições podemos extrair desse evento para nossa vida espiritual.
A Experiência de Paulo no Terceiro Céu e Sua Relevância
Quando Paulo foi ao terceiro céu, ele vivenciou algo extraordinário, uma experiência que marcou profundamente sua vida espiritual e seu ministério. No entanto, ao relatar esse acontecimento, ele optou por fazê-lo de maneira discreta e enigmática, sem revelar muitos detalhes sobre o que viu e ouviu. Essa abordagem levanta questionamentos: por que Paulo não descreveu com mais clareza essa revelação celestial?
Na passagem de 2 Coríntios 12:4, ele menciona:
“Foi arrebatado ao paraíso; e ouviu palavras inefáveis, que ao homem não é lícito falar.” (2 Coríntios 12:4 – ARC)
O termo “inefáveis” indica algo impossível de expressar em palavras, seja por sua grandiosidade ou porque Deus não permitiu que fosse revelado. Isso mostra que a experiência de Paulo não deveria ser usada para vanglória pessoal ou como um meio de se exaltar diante dos outros. Ele compreendia que o propósito dessa revelação não era alimentar a curiosidade humana, mas fortalecer sua fé e seu compromisso com o evangelho.
Outro aspecto importante é que, embora tenha sido levado ao terceiro céu, Paulo não construiu seu ministério com base nessa experiência sobrenatural. Diferente de muitos que buscam sinais e manifestações extraordinárias como prova de espiritualidade, ele manteve seu foco na pregação da cruz e na graça de Deus. Sua autoridade não vinha das visões que teve, mas do chamado que recebeu de Cristo para anunciar o evangelho.
A experiência de Paulo no terceiro céu ensina que a verdadeira fé não está fundamentada em revelações extraordinárias, mas na obediência a Deus e no compromisso com Sua Palavra. Embora momentos sobrenaturais possam ocorrer, o mais importante é viver uma vida de humildade e serviço, seguindo o exemplo de Cristo. No próximo tópico, veremos como essa visão celestial se relaciona com um aspecto crucial da vida do apóstolo: o espinho na carne e a graça divina.
O Espinho na Carne e a Graça de Deus
Embora Paulo tenha sido arrebatado ao terceiro céu e tenha recebido revelações extraordinárias, ele também enfrentou desafios e limitações que o mantiveram em humildade diante de Deus. Uma dessas dificuldades foi o chamado “espinho na carne”, uma aflição permitida pelo Senhor para que ele não se exaltasse por causa das grandes experiências espirituais que teve.
O próprio apóstolo descreve essa situação em sua carta aos Coríntios:
“E, para que me não exaltasse pela excelência das revelações, foi-me dado um espinho na carne, a saber, um mensageiro de Satanás, para me esbofetear, a fim de não me exaltar. Acerca do qual três vezes roguei ao Senhor que o afastasse de mim. E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo.” (2 Coríntios 12:7-9 – ARC)
Paulo deixa claro que esse “espinho” era um instrumento para que ele permanecesse dependente de Deus, lembrando-lhe que sua força não estava em suas visões ou experiências, mas na graça divina. Ele orou repetidamente pedindo que fosse livre dessa aflição, mas a resposta do Senhor foi diferente do que esperava: “A minha graça te basta.”
Essa resposta revela uma verdade espiritual profunda: Deus nem sempre remove nossas dificuldades, mas nos dá força para suportá-las. O poder do Senhor se aperfeiçoa em nossas fraquezas, pois é na dependência d’Ele que encontramos verdadeira força.
Assim, mesmo após ter sido arrebatado ao terceiro céu, Paulo compreendeu que sua maior bênção não era ter recebido revelações grandiosas, mas sim a graça de Deus que o sustentava diariamente. Esse ensinamento é essencial para todos os cristãos, pois nos lembra que nossa fé não deve estar fundamentada apenas em experiências sobrenaturais, mas na certeza de que Deus está conosco, independentemente das circunstâncias.
No próximo tópico, veremos como essa visão celestial e o espinho na carne influenciaram o ministério de Paulo e seu impacto na igreja.
O Impacto da Visão de Paulo em Seu Ministério
Quando Paulo foi ao terceiro céu, essa experiência não apenas marcou sua vida espiritual, mas também teve um impacto profundo em seu ministério e ensinamentos. Ele não baseou sua autoridade apostólica em visões e revelações, mas no chamado de Cristo e na mensagem da cruz. No entanto, essa experiência influenciou sua compreensão da graça divina e do propósito eterno de Deus, moldando sua pregação e suas epístolas.
O próprio apóstolo relata essa experiência de forma cautelosa, sem buscar reconhecimento por ela:
“Conheço um homem em Cristo que, há catorze anos (se no corpo, não sei; se fora do corpo, não sei; Deus o sabe), foi arrebatado até ao terceiro céu. E sei que o tal homem (se no corpo, se fora do corpo, não sei; Deus o sabe) foi arrebatado ao paraíso; e ouviu palavras inefáveis, que ao homem não é lícito falar.” (2 Coríntios 12:2-4 – ARC)
Paulo deixa claro que não deseja se vangloriar desse acontecimento, pois entende que sua missão como apóstolo não se baseia em experiências místicas, mas no evangelho de Cristo. Ele reconhece que as revelações que recebeu foram para edificação da igreja, e não para sua própria exaltação.
Essa visão também fortaleceu sua convicção de que a vida cristã não se resume às experiências sobrenaturais, mas à obediência, ao serviço e à perseverança na fé. Suas epístolas refletem esse ensinamento ao exortar os crentes a permanecerem firmes, independentemente das dificuldades, confiando na graça de Deus e no chamado celestial.
Além disso, sua liderança cristã foi impactada pela consciência de que o verdadeiro poder vem da dependência do Senhor. Mesmo tendo recebido uma revelação tão sublime, Paulo enfatizava que seu orgulho não estava nas visões, mas na cruz de Cristo. Ele compreendia que a maior demonstração da glória de Deus não estava apenas em experiências grandiosas, mas na transformação que o evangelho opera na vida daqueles que creem.
A experiência de Paulo no terceiro céu nos ensina que Deus pode nos conceder momentos de profunda revelação, mas o mais importante é permanecermos fiéis ao nosso chamado, seguindo os passos de Cristo com humildade e dedicação. No próximo tópico, veremos quais lições podemos aplicar em nossa caminhada cristã com base nesse episódio marcante da vida do apóstolo.
O Que Podemos Aprender com Paulo e Sua Visão?
A experiência de Paulo ao ser arrebatado ao terceiro céu nos ensina lições valiosas sobre humildade, graça e o propósito de Deus para aqueles que O servem. Mesmo tendo recebido uma revelação celestial extraordinária, Paulo não se exaltou por isso. Pelo contrário, ele compreendeu que tudo o que viveu servia para reforçar sua dependência de Deus e para edificar a igreja.
A Humildade Diante das Revelações de Deus
Paulo nos mostra que a grandeza espiritual não está em experiências místicas, mas na obediência e no serviço a Deus. Diferente de muitos que poderiam ter usado essa visão para se promover, ele optou por relatar sua experiência de maneira discreta, ressaltando que não poderia nem mesmo descrever o que viu e ouviu. Essa atitude nos ensina que, independentemente das revelações ou bênçãos que recebemos, devemos permanecer humildes diante do Senhor.
A Graça de Deus é Suficiente
Outro ensinamento fundamental é que as revelações divinas não nos isentam das dificuldades. Após ter sido levado ao terceiro céu, Paulo recebeu um “espinho na carne”, um sofrimento que servia para lembrá-lo de sua total dependência de Deus. Em 2 Coríntios 12:9, ele compartilha a resposta que recebeu do Senhor:
“A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza.” (2 Coríntios 12:9 – ARC)
Essa lição é essencial para os cristãos de hoje. Muitas vezes, enfrentamos desafios e pedimos a Deus que os remova, mas Ele nos ensina que Sua graça é suficiente para nos sustentar. Assim como Paulo, devemos aprender a confiar que o poder de Deus se manifesta em nossa fraqueza.
Nosso Destino Está na Eternidade com Deus
Paulo foi ao terceiro céu e viu a realidade do paraíso, o que fortaleceu ainda mais sua certeza sobre o destino dos que creem em Cristo. Ele reafirma essa esperança ao escrever aos filipenses:
“Mas a nossa cidade está nos céus, donde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo.” (Filipenses 3:20 – ARC)
Essa passagem nos lembra que a vida terrena é passageira, e nosso verdadeiro lar está com Deus. Devemos viver com essa perspectiva, buscando as coisas do alto e permanecendo fiéis ao Senhor, assim como Paulo fez.
A Relação Entre Essa Visão e o Salmo 73
No início deste artigo, mencionamos o Salmo 73, que expressa um contraste entre a prosperidade dos ímpios e a recompensa eterna dos justos. O salmista Asafe quase se desviou ao invejar os ímpios, mas sua visão mudou quando entrou no santuário de Deus e compreendeu seu fim:
“Até que entrei no santuário de Deus; então, entendi eu o fim deles.” (Salmos 73:17 – ARC)
Assim como o salmista teve uma revelação espiritual que o fez compreender a verdade, Paulo foi ao terceiro céu e recebeu uma visão do paraíso, confirmando que a recompensa dos justos está em Deus. Ambas as experiências mostram que, mesmo quando enfrentamos dificuldades ou não entendemos os caminhos do Senhor, devemos confiar que Ele tem um propósito maior e que nossa esperança está na eternidade ao Seu lado.
A história de Paulo nos desafia a viver com os olhos fixos no céu, confiando na graça de Deus e mantendo-nos fiéis ao chamado que Ele nos deu. Independentemente das circunstâncias, nossa maior esperança deve estar na promessa da vida eterna com Cristo.