Israel não acredita em Jesus, e essa rejeição tem raízes profundas que vão além do contexto histórico de sua época. A relação entre o povo judeu e o Messias é um dos temas mais debatidos nas Escrituras e na história cristã. Para entender o motivo dessa crença, é necessário examinar as expectativas messiânicas, as profecias do Antigo Testamento e os ensinamentos de Jesus, que, embora fossem cumprimentos das Escrituras, não se alinharam com o que Israel esperava de seu Salvador.

O povo de Israel aguardava um Messias que viria para libertá-los da opressão política e restaurar o reino de Israel. No entanto, Jesus apresentou-se de maneira diferente, enfatizando sua missão espiritual e não política. Ele veio para restaurar a relação do homem com Deus, algo que muitos judeus não conseguiram perceber naquele momento.

Além disso, as interpretações das profecias messiânicas pelo povo judeu contribuem para essa rejeição. A figura de um Messias sofredor e sacrificial não fazia parte das expectativas de Israel, que esperava um libertador poderoso, como em tempos passados, como o rei Davi. Por isso, a mensagem de Jesus, apesar de ser a promessa cumprida de Deus, não foi reconhecida por muitos.

Essa relação entre o não reconhecimento de Jesus como Messias e as Escrituras se conecta com o significado do Salmo 118:22, que fala sobre a pedra rejeitada que se torna a principal pedra da esquina: “A pedra que os edificadores rejeitaram, essa foi posta como cabeça da esquina” (Salmo 118:22). No final deste artigo, vamos explicar a relação profunda entre essa passagem e a rejeição de Jesus por Israel.

Agora, vamos explorar mais a fundo as razões bíblicas e históricas que explicam o porquê Israel não acredita em Jesus e como isso se reflete no contexto da espera messiânica.

Israel Não Acredita em Jesus
Israel Não Acredita em Jesus

Expectativas Mesiânicas de Israel: O Messias Político e Libertador

Quando dizemos que Israel não acredita em Jesus, uma das razões mais fundamentais para essa rejeição reside nas expectativas messiânicas que o povo judeu tinha na época de Jesus. Para os judeus, o Messias prometido deveria ser um líder político e militar, alguém que traria a libertação de Israel da opressão de potências estrangeiras, como os romanos. Essa visão do Messias estava profundamente enraizada nas profecias do Antigo Testamento, mas muitas delas foram interpretadas de forma diferente pelos judeus.

O Messias esperado deveria ser um grande rei, semelhante a Davi, que restauraria o reino de Israel e daria ao povo judeu a autonomia e o respeito que havia sido perdido. Ele seria um guerreiro, um defensor de Israel, que derrotaria seus inimigos e estabeleceria um reinado de paz e prosperidade. Esse é o cenário messiânico que permeava as mentes dos judeus na época de Jesus.

No entanto, Jesus não correspondeu a essa expectativa. Ele não veio para combater os romanos ou estabelecer um império terrestre. Sua missão era, antes, espiritual. Ele veio para salvar a humanidade do pecado e restaurar a relação entre o homem e Deus. Essa diferença nas expectativas levou muitos judeus a rejeitar Jesus como o verdadeiro Messias.

Na verdade, muitos textos do Antigo Testamento, que apontam para o Messias, são lidos de maneira diferente no cristianismo. Por exemplo, Isaías 9:6-7, que descreve um Messias poderoso, é interpretado pelos cristãos como a vinda de Jesus, mas para os judeus, a ideia de um Messias pacífico, que sofresse por seus seguidores, não se encaixava no que esperavam.

Essa diferença de percepção entre o que Israel esperava e o que Jesus realmente trouxe ajuda a entender por que Israel não acredita em Jesus. Ele não foi o libertador político que muitos aguardavam, mas o Salvador espiritual que veio para todos os povos. É nesse contraste de expectativas que se fundamenta grande parte da rejeição de Israel ao Messias.

Ao entender essa perspectiva histórica e teológica, podemos ver como as expectativas messiânicas desempenham um papel crucial na recusa de Israel em reconhecer Jesus como o Messias prometido. Isso nos leva a refletir sobre o impacto de nossa própria compreensão sobre o Messias e as Escrituras.

As Profecias Messiânicas: Como Israel as Interpreta

Quando falamos sobre Israel não acreditar em Jesus, é impossível não mencionar o papel crucial que as profecias messiânicas desempenham nesse contexto. O Antigo Testamento está repleto de promessas sobre a vinda de um Messias, mas a forma como essas profecias são interpretadas faz toda a diferença na compreensão da figura do Salvador. Enquanto os cristãos veem Jesus como o cumprimento dessas profecias, muitos judeus interpretam-nas de maneira distinta, o que contribui diretamente para a rejeição de Jesus como o Messias.

O Messias descrito nas profecias do Antigo Testamento é, para os judeus, alguém que traria libertação física e política para Israel. Profecias como as de Isaías 9:6-7, que falam de um “Príncipe da Paz”, e de Jeremias 23:5-6, que prevê um rei justo da linhagem de Davi, são vistas sob essa ótica de um líder político e militar. No entanto, quando observamos a vida e a missão de Jesus, vemos que Ele cumpriu essas profecias de uma maneira muito diferente do que os judeus esperavam. Jesus veio para estabelecer o Reino de Deus de uma forma espiritual, focada na salvação das almas, e não em um domínio terrenal.

Um exemplo claro disso pode ser visto em Isaías 53, que descreve um servo sofredor, alguém que seria rejeitado e ferido por nossos pecados. Para os cristãos, essa passagem é uma das mais claras predições sobre a vinda de Jesus e sua obra redentora na cruz. No entanto, para muitos judeus, essa profecia é interpretada de forma diferente. Em vez de apontar para um Messias que sofreria em favor dos outros, a interpretação judaica tende a associar essa figura ao próprio povo de Israel, que ao longo da história sofreu perseguições e opressões.

De fato, as profecias messiânicas no Antigo Testamento são lidas de maneira diferente no judaísmo e no cristianismo. Para os cristãos, Jesus é a chave para o cumprimento dessas promessas, pois Ele trouxe a verdadeira liberdade através de sua morte e ressurreição. Já para muitos judeus, o Messias ainda está por vir, e suas características e ações serão diferentes daquelas atribuídas a Jesus nas Escrituras cristãs.

A forma como Israel interpreta as profecias messiânicas revela um ponto crucial: as expectativas sobre o Messias não se alinham com a realidade da missão de Jesus, o que leva muitos a não acreditarem que Ele é o verdadeiro Messias. Portanto, a questão das profecias messiânicas é central para entender por que Israel não acredita em Jesus, pois enquanto os cristãos o veem como o cumprimento dessas promessas, muitos judeus continuam a esperar um Messias que venha estabelecer um reino físico e visível.

O Conflito com as Lideranças Religiosas: A Rejeição de Jesus

A rejeição de Jesus por Israel não se limitou apenas ao povo em geral, mas também envolveu um confronto direto com as lideranças religiosas da época. Os fariseus, saduceus e outros líderes judaicos não apenas rejeitaram as reivindicações de Jesus como Messias, mas também se opuseram ativamente a Ele. Esse conflito é um dos motivos mais significativos para entender por que Israel não acredita em Jesus, pois as autoridades religiosas foram uma força decisiva na recusa ao seu ministério.

Jesus desafiou as tradições religiosas e as interpretações das Escrituras feitas pelos líderes judeus. Ele criticou abertamente a hipocrisia dos fariseus, que se preocupavam mais com a aparência externa de santidade do que com a verdadeira justiça de Deus. Em Mateus 23:27-28, Jesus diz: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque sois semelhantes a sepulcros caiados, que por fora, na verdade, parecem formosos, mas por dentro estão cheios de ossos de mortos e de toda imundície. Assim também vós, por fora, pareceis justos aos homens, mas por dentro estais cheios de hipocrisia e de iniquidade.” (Mateus 23:27-28, ARC). Esse tipo de crítica direta foi uma das razões pelas quais as lideranças religiosas viam Jesus não apenas como uma ameaça à sua autoridade, mas também como alguém que desafiava a ordem estabelecida.

Além disso, as ações de Jesus também contrariaram muitas das leis e práticas religiosas que os judeus seguiam rigorosamente. Ele curou no sábado, comendo com pecadores e cobradores de impostos, algo que era impensável para os líderes religiosos da época. Em Marcos 2:16-17, vemos a reação dos fariseus: “E, quando os escribas e fariseus o viram a comer com os publicanos e pecadores, disseram aos seus discípulos: Como é que ele come e bebe com publicanos e pecadores? E, ouvindo isto, disse-lhes: Os sãos não precisam de médico, mas, sim, os doentes. Não vim chamar os justos, mas, sim, os pecadores.” (Marcos 2:16-17, ARC). Este comportamento, que quebrava as normas religiosas e sociais, foi mais um fator que levou à rejeição de Jesus pelas lideranças religiosas.

Além disso, a afirmação de Jesus de ser o Filho de Deus e o Messias foi vista como blasfêmia pelas autoridades judaicas. Eles não podiam aceitar a ideia de que um homem comum, de origem humilde, poderia ser o Messias, muito menos o Filho de Deus. A acusação de blasfêmia foi uma das principais razões pelas quais Jesus foi condenado e entregue para ser crucificado.

Esse conflito com as lideranças religiosas reflete a razão pela qual Israel não acredita em Jesus. A oposição feroz dos líderes judeus e a rejeição das suas reivindicações messiânicas ajudaram a moldar a percepção negativa que muitos judeus tiveram de Jesus. Portanto, a resistência das autoridades religiosas foi um fator central para que a maioria de Israel não aceitasse Jesus como o Messias prometido.

A Espera por um Messias Futuro: O Que Isso Significa para Israel

A rejeição de Jesus como o Messias está intimamente ligada à crença de que o verdadeiro Messias ainda está por vir. Para muitos judeus, Israel não acredita em Jesus porque a figura messiânica prometida nas Escrituras ainda não se manifestou de acordo com suas expectativas. Esse entendimento de um Messias futuro é um dos principais pilares da fé judaica e continua a ser uma razão fundamental pela qual o povo de Israel não reconhece Jesus como o Salvador.

O Messias que os judeus esperam não é um ser espiritual, mas sim um líder político e militar, alguém que restaurará o reino de Israel e trará a paz duradoura. Esse Messias será um descendente de Davi, que unirá todas as tribos de Israel, derrotará os inimigos e estabelecerá um reinado de justiça e prosperidade, cumprindo promessas feitas por Deus ao longo das Escrituras. Muitos judeus ainda aguardam o cumprimento dessas promessas de forma literal e física, o que está distante do conceito cristão de um Messias que veio para trazer salvação espiritual.

A crença de que o Messias futuro virá também é alimentada pela falta de uma solução definitiva para os problemas enfrentados por Israel ao longo dos séculos. Apesar dos momentos de liberdade e prosperidade, o povo de Israel tem sido marcado por perseguições, exílios e sofrimentos. O retorno a Jerusalém, a reconstrução do Templo e a eliminação das potências opressoras ainda são vistos como sinais tangíveis da chegada do verdadeiro Messias. Para os judeus, esses sinais ainda não se cumpriram plenamente, o que mantém viva a esperança de que o Messias aguardado se manifestará no futuro.

Essa espera contínua por um Messias futuro é o que mantém Israel na expectativa e, consequentemente, na rejeição de Jesus. Para os judeus, Jesus não cumpriu essas expectativas messiânicas, como a restauração política de Israel ou a construção do Templo. Como resultado, Ele não é reconhecido como o Messias, e muitos continuam a aguardar um líder que se alinhe com essas profecias de forma mais literal e imediata.

Em essência, a razão pela qual Israel não acredita em Jesus está ligada a uma expectativa não cumprida: o Messias que eles aguardam ainda não chegou. Essa visão do Messias futuro permanece uma barreira significativa para a aceitação de Jesus como o verdadeiro Salvador, de acordo com a tradição e as Escrituras judaicas. Isso nos leva a refletir sobre o impacto dessa espera contínua e como ela forma a base da não aceitação de Jesus em Israel.

Israel Não Acredita em Jesus, mas o Legado de Cristo Persiste

Embora Israel não acredite em Jesus como o Messias, o legado de Cristo persiste e continua a impactar a história, as pessoas e a fé ao longo dos séculos. As razões para a rejeição de Jesus são profundas, abrangendo expectativas messiânicas que não foram cumpridas da forma como muitos judeus aguardavam, bem como o conflito com as lideranças religiosas da época. No entanto, a mensagem de Jesus transcendeu as barreiras do tempo e da cultura, estabelecendo uma base para o cristianismo que se espalhou pelo mundo, influenciando incontáveis vidas até hoje.

Como vimos, a figura do Messias que Israel esperava era um libertador político, alguém que restauraria o reino de Israel de maneira visível e tangível. Jesus, porém, veio com uma missão espiritual que desafiou essas expectativas. Ele não cumpriu as promessas de um reino político, mas estabeleceu um reino espiritual, baseado na salvação e na reconciliação do homem com Deus. Essa diferença de expectativas é um dos principais motivos pelos quais Israel não acredita em Jesus.

Contudo, mesmo diante dessa rejeição, as Escrituras afirmam que a pedra que foi rejeitada pelos edificadores se tornou a principal pedra da esquina, como está escrito no Salmo 118:22: “A pedra que os edificadores rejeitaram, essa foi posta como cabeça da esquina.” (Salmo 118:22, ARC). Esse versículo, que originalmente se referia a Israel, é uma poderosa metáfora para a vinda de Jesus como o Messias. Ele foi rejeitado pelo povo, especialmente pelas lideranças religiosas, mas se tornou a base fundamental da fé cristã. Aquele que foi desprezado pelos seus próprios não só cumpriu as profecias messiânicas, como também se tornou a chave para a salvação de todos os povos.

Esse salmo nos lembra que, mesmo em meio à rejeição e ao sofrimento, o plano de Deus não falha. A rejeição de Jesus por parte de Israel não impediu que Ele cumprisse seu papel como o Salvador da humanidade. Assim, a pedra que foi rejeitada se tornou a cabeça da esquina, o alicerce de uma nova aliança, e o legado de Cristo continua a ser a força transformadora no mundo.

Em resumo, a rejeição de Jesus por Israel é um fenômeno que está enraizado em expectativas não cumpridas e na falta de entendimento da missão divina de Cristo. No entanto, o legado de Jesus como o Messias, o Salvador espiritual, persiste, cumprindo as promessas de Deus de uma maneira que transcende qualquer expectativa humana.

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