Saber “O que significa samaritano” é de interesse de muitos leitores ávidos das Palavras de Deus, e o significado vai além de uma simples designação étnica. Na Bíblia, os samaritanos eram um povo que habitava a região de Samaria, situada entre a Judeia e a Galileia. A origem dos samaritanos remonta ao período da divisão do reino de Israel, quando as dez tribos do norte se separaram das tribos do sul. Com o tempo, essa população desenvolveu crenças e práticas distintas do judaísmo tradicional, o que gerou tensões entre os dois grupos.
Historicamente, os judeus não consideravam os samaritanos como parte legítima do povo de Deus. Esse conflito é evidenciado em João 4:9, quando a mulher samaritana pergunta a Jesus: “Como, sendo tu judeu, pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana? (Porque os judeus não se comunicam com os samaritanos.)” (João 4:9, ARC). Esse versículo ilustra a hostilidade existente entre ambos os povos, uma barreira que Jesus veio derrubar ao demonstrar amor e misericórdia sem distinção.
O significado de samaritano, no entanto, foi transformado por Jesus ao longo de seu ministério. Em sua famosa parábola do bom samaritano (Lucas 10:30-37), Ele usou a figura de um samaritano como exemplo de compaixão e amor ao próximo, indo contra os preconceitos da época. Dessa forma, a palavra “samaritano” passou a ser associada a alguém que pratica o bem sem esperar nada em troca.
Essa temática de ajuda e misericórdia também se conecta a ensinamentos encontrados nos Salmos. O significado do Salmo 41:1 diz: “Bem-aventurado é aquele que atende ao pobre; o Senhor o livrará no dia do mal.” (ARC). Assim como o bom samaritano ajudou o necessitado, a Bíblia nos ensina que Deus abençoa aqueles que socorrem os aflitos. No final deste artigo, explicaremos mais detalhadamente essa relação com o Salmo 41.
A relação entre judeus e samaritanos na Bíblia
A relação entre judeus e samaritanos na Bíblia é marcada por tensões históricas e religiosas que se estenderam por séculos. Os judeus consideravam os samaritanos um povo misturado, tanto em sua linhagem quanto em sua fé, pois, após a conquista da região pelo Império Assírio (cerca de 722 a.C.), povos estrangeiros foram trazidos para Samaria e passaram a se misturar com os israelitas que permaneceram ali. Esse fato gerou um distanciamento entre os dois grupos, já que os samaritanos adotaram práticas religiosas distintas, mantendo apenas o Pentateuco como Escritura sagrada e rejeitando o templo de Jerusalém, preferindo adorar a Deus no Monte Gerizim.
Essa rivalidade está claramente expressa no Novo Testamento. Em João 4:20, a mulher samaritana disse a Jesus: “Nossos pais adoraram neste monte, e vós dizeis que é em Jerusalém o lugar onde se deve adorar.” (João 4:20, ARC). Esse versículo demonstra a disputa entre os samaritanos e os judeus sobre o verdadeiro local de adoração, refletindo o profundo desacordo teológico entre ambos.
Além da questão religiosa, havia também um preconceito social muito forte. Em Lucas 9:52-53, quando Jesus enviou discípulos para preparar sua chegada a uma aldeia samaritana, os moradores não o receberam bem porque Ele estava a caminho de Jerusalém. Isso evidencia a animosidade mútua entre os dois povos.
Apesar dessas divisões, Jesus quebrou barreiras ao interagir com os samaritanos. Ele não apenas conversou com a mulher samaritana junto ao poço (João 4), mas também curou um leproso samaritano (Lucas 17:16) e, principalmente, utilizou a figura de um samaritano como exemplo de amor ao próximo na parábola do bom samaritano (Lucas 10:30-37).
Com isso, Jesus ensinou que o verdadeiro relacionamento com Deus não depende da origem étnica ou das tradições religiosas, mas da fé e do amor ao próximo. Esse ensinamento ecoa princípios encontrados nos Salmos, que exaltam a misericórdia e a justiça de Deus acima de qualquer divisão humana.
O bom samaritano na parábola de Jesus
A parábola do bom samaritano é uma das mais conhecidas dos Evangelhos e ilustra de forma poderosa o que significa samaritano no contexto do ensinamento de Jesus. Ela foi contada em resposta a uma pergunta feita por um doutor da lei, que questionou Jesus sobre quem seria o seu próximo. Em Lucas 10:30-37, Jesus apresenta a história de um homem que foi assaltado, espancado e deixado quase morto à beira do caminho.
Dois religiosos judeus passaram por ele – um sacerdote e um levita –, mas nenhum deles ofereceu ajuda. No entanto, um samaritano, que aos olhos dos judeus seria o menos provável a demonstrar compaixão, viu o homem ferido e “moveu-se de íntima compaixão” (Lucas 10:33, ARC). Ele tratou suas feridas, levou-o para uma hospedaria e pagou todas as despesas para sua recuperação.
A conclusão de Jesus foi direta e transformadora: “Vai, e faze da mesma maneira.” (Lucas 10:37, ARC). Com essa resposta, Ele inverteu os padrões sociais e religiosos da época, ensinando que o verdadeiro próximo é aquele que pratica o amor e a misericórdia, independentemente de sua origem ou crença.
Essa parábola não apenas redefine o conceito de proximidade e compaixão, mas também fortalece a mensagem de que o amor de Deus transcende fronteiras culturais e religiosas. No contexto bíblico, o bom samaritano representa aquele que não se prende a preconceitos, mas age com bondade e empatia. Esse princípio está alinhado com diversas passagens dos Salmos que exaltam a importância da misericórdia. O Salmo 112:4-5 diz: “Ao justo nasce luz nas trevas; ele é piedoso, misericordioso e justo. O homem de bem tem misericórdia e empresta; disporá as suas coisas com juízo.” (ARC).
A história do bom samaritano continua sendo um chamado para que todos pratiquem a compaixão e a solidariedade, refletindo o caráter de Deus no mundo.
O encontro de Jesus com a mulher samaritana
O encontro de Jesus com a mulher samaritana, narrado em João 4:1-30, é um dos episódios mais marcantes do Novo Testamento. Esse evento revela tanto o que significa samaritano dentro do contexto bíblico quanto a forma como Jesus quebrou barreiras culturais e religiosas para ensinar sobre a verdadeira adoração e a graça de Deus.
Jesus, ao passar por Samaria, parou junto a um poço, onde encontrou uma mulher samaritana que havia ido buscar água. Em João 4:7, Ele lhe pediu: “Dá-me de beber.” (ARC). Esse pedido, aparentemente simples, era surpreendente, pois os judeus não costumavam se relacionar com os samaritanos, e ainda menos com mulheres nessa situação. Isso fica evidente na resposta da mulher: “Como, sendo tu judeu, pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana?” (João 4:9, ARC).
A conversa se aprofunda quando Jesus lhe diz que poderia dar-lhe “água viva”, simbolizando a salvação e a vida eterna. A mulher, intrigada, questiona como Ele poderia oferecer essa água, e Jesus responde:
“Mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede, porque a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água que salte para a vida eterna.” (João 4:14, ARC).
Nesse momento, Jesus revela que conhece toda a vida da mulher, incluindo o fato de que ela já teve cinco maridos e que o homem com quem vivia não era seu esposo. Essa revelação impacta profundamente a mulher, levando-a a reconhecer que Ele era um profeta.
O ponto central do diálogo ocorre quando Jesus explica que a adoração verdadeira não está limitada a um local específico – seja Jerusalém ou o Monte Gerizim –, mas deve ser feita “em espírito e em verdade” (João 4:23, ARC). Essa afirmação desconstrói as barreiras religiosas entre judeus e samaritanos, enfatizando que a verdadeira adoração está no coração daqueles que buscam a Deus sinceramente.
A transformação da mulher samaritana é evidente quando ela corre à cidade e anuncia a todos sobre Jesus, levando muitos a crerem Nele. Seu testemunho demonstra como um simples encontro com Cristo pode mudar vidas, mostrando que a salvação é oferecida a todos, sem distinção de raça ou religião.
Esse episódio reforça a mensagem dos Salmos sobre a busca sincera por Deus. O Salmo 63:1 declara: “Ó Deus, tu és o meu Deus; de madrugada te buscarei; a minha alma tem sede de ti, a minha carne te deseja muito em uma terra seca e cansada, onde não há água.” (ARC). Assim como a mulher samaritana encontrou a verdadeira água para saciar sua sede espiritual, todos aqueles que buscam ao Senhor de coração aberto também serão saciados.
O significado de ser um bom samaritano nos dias de hoje
Nos dias de hoje, o significado de ser um bom samaritano vai além do contexto bíblico e se tornou uma expressão universal para descrever alguém que age com compaixão, generosidade e amor ao próximo. O ensinamento de Jesus na parábola do bom samaritano (Lucas 10:30-37) continua sendo um chamado para que as pessoas não apenas sintam empatia, mas demonstrem essa empatia por meio de ações concretas.
Em um mundo marcado por desigualdades, indiferença e falta de amor, ser um bom samaritano significa estar atento às necessidades dos outros, ajudando sem esperar nada em troca. Pequenos gestos de bondade podem fazer grande diferença na vida de alguém – seja ajudando um desconhecido, apoiando um amigo em um momento difícil ou praticando a caridade com os mais necessitados.
Essa mensagem está diretamente ligada ao que significa samaritano na perspectiva de Cristo: não basta apenas conhecer a Palavra, é preciso vivê-la. Tiago 2:17 nos lembra: “Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma.” (ARC). O samaritano da parábola não apenas sentiu compaixão pelo homem ferido, mas agiu, cuidando de suas feridas e garantindo sua recuperação.
Essa atitude reflete um princípio ensinado nos Salmos, especialmente no Salmo 41:1, que diz: “Bem-aventurado é aquele que atende ao pobre; o Senhor o livrará no dia do mal.” (ARC). Assim como Deus abençoa aqueles que socorrem os necessitados, a parábola do bom samaritano nos ensina que quem pratica o amor ao próximo recebe a verdadeira recompensa espiritual.
Portanto, ser um bom samaritano nos dias de hoje significa viver uma vida pautada pela misericórdia, justiça e amor, seguindo o exemplo de Cristo. É um convite para que cada pessoa seja um canal da graça de Deus, ajudando a transformar o mundo ao seu redor com atitudes de compaixão e bondade.