Na Biblia, o cobrador de impostos desempenha um papel controverso e muitas vezes desprezado pela sociedade judaica da época. Eles eram conhecidos como publicanos e trabalhavam arrecadando tributos para o Império Romano. Esse ofício os tornava impopulares, pois, além de servirem a um governo estrangeiro opressor, muitos eram acusados de praticar fraudes e cobrar além do devido para enriquecerem às custas do povo.
Apesar da reputação negativa, os cobradores de impostos aparecem em diversas passagens bíblicas, e algumas dessas menções revelam lições espirituais profundas. Um dos aspectos mais marcantes é a forma como Jesus interagiu com esses homens, demonstrando graça e oferecendo-lhes a oportunidade de arrependimento e transformação. Tanto Mateus, que se tornou um dos doze discípulos, quanto Zaqueu, que teve sua vida radicalmente mudada após um encontro com Cristo, são exemplos claros da misericórdia divina.
A rejeição dos publicanos pela sociedade era tão intensa que, em muitas passagens, eles são citados ao lado dos pecadores. Em Mateus 9:11 (ARC), vemos isso claramente:
“E os fariseus, vendo isto, disseram aos seus discípulos: Por que come o vosso Mestre com os publicanos e pecadores?”
Os fariseus, líderes religiosos da época, não compreendiam por que Jesus se aproximava dessas pessoas. No entanto, Cristo veio justamente para buscar os que estavam perdidos. Sua resposta, registrada no versículo seguinte, revela Seu propósito:
“Jesus, porém, ouvindo, disse-lhes: Não necessitam de médico os sãos, mas, sim, os doentes.” (Mateus 9:12, ARC)
A visão de Jesus sobre o cobrador de impostos na Bíblia não era de condenação imediata, mas de convite à mudança. Ele não ignorava seus erros, mas lhes oferecia uma nova vida por meio do arrependimento e da fé. Esse princípio se alinha com muitas passagens dos Salmos, o salmo 51 por exemplo, que fala sobre a compaixão de Deus para com os que se voltam para Ele. No final deste artigo, explicaremos melhor como o significado do Salmo 51, reforça essa mensagem de redenção e transformação.
Quem Eram os Cobradores de Impostos no Contexto Bíblico?
Os cobradores de impostos no contexto bíblico desempenhavam uma função essencial para o Império Romano, mas eram profundamente odiados pelo povo judeu. Esses oficiais, também chamados de publicanos, eram responsáveis por coletar tributos para Roma, que dominava a região de Israel naquele período. O sistema de cobrança era frequentemente corrupto, pois os publicanos tinham liberdade para exigir valores acima do necessário, enriquecendo-se ilicitamente às custas da população.
O desprezo por esses cobradores não se dava apenas pela exploração financeira, mas também pelo fato de serem considerados traidores da fé e da nação. Os judeus esperavam um Messias libertador que os livrasse do domínio estrangeiro, e qualquer pessoa que colaborasse com Roma era vista com extrema desconfiança. Por isso, nas Escrituras, os publicanos são frequentemente mencionados ao lado dos pecadores e rejeitados pela sociedade religiosa da época.
Em Lucas 5:30 (ARC), os fariseus questionam os discípulos de Jesus sobre Sua relação com os cobradores de impostos:
“E os escribas deles e os fariseus murmuravam contra os discípulos, dizendo: Por que comeis e bebeis com publicanos e pecadores?”
O fato de Jesus se aproximar dos cobradores de impostos na Bíblia era um escândalo para os líderes religiosos. Enquanto os fariseus defendiam uma religiosidade excludente, Cristo veio trazer salvação também para aqueles que eram marginalizados. Seu ensinamento reforça que o arrependimento e a transformação são acessíveis a todos, independentemente de seu passado.
Além disso, o sistema de cobrança de impostos na época funcionava por meio de concessões: Roma contratava judeus para arrecadar tributos em suas próprias comunidades. Isso significava que os publicanos não apenas cobravam os impostos do povo, mas também trabalhavam diretamente para os opressores romanos, tornando-se ainda mais impopulares.
Apesar desse histórico de exploração e rejeição, alguns cobrador de impostos na bíblia como Mateus e Zaqueu, tiveram um encontro real com Jesus e experimentaram uma mudança radical de vida. Esse fato demonstra que, para Deus, não importa quão longe alguém tenha se desviado, sempre há oportunidade de redenção para os que se arrependem e creem.
O Chamado de Mateus: de Cobrador de Impostos a Discípulo de Cristo
Entre os cobradores de impostos na Biblia, Mateus se destaca por sua transformação. Antes de seguir Jesus, ele era conhecido como Levi e trabalhava na coletoria de impostos, um ofício desprezado pelos judeus. Como os demais publicanos, ele provavelmente enfrentava o ódio de seus compatriotas por colaborar com o Império Romano e, possivelmente, enriquecer às custas do povo. No entanto, sua história prova que ninguém está fora do alcance da graça divina.
O chamado de Mateus é registrado em Mateus 9:9 (ARC):
“E Jesus, passando adiante dali, viu assentado na alfândega um homem chamado Mateus, e disse-lhe: Segue-me. E ele, levantando-se, o seguiu.”
Essa passagem é notável pela simplicidade e profundidade do evento. Jesus não faz exigências prévias nem impõe condições — Ele apenas chama. E Mateus, sem hesitar, deixa tudo para trás e o segue. Esse ato demonstra não apenas obediência imediata, mas também um reconhecimento de que seguir a Cristo era mais valioso do que qualquer riqueza ou status que ele possuía como publicano.
O impacto dessa decisão foi tão grande que, logo após aceitar o chamado de Jesus, Mateus promoveu um banquete em sua casa, convidando outros publicanos e pecadores para estarem com Cristo. Esse episódio gerou críticas dos fariseus, conforme relatado em Mateus 9:10-11 (ARC):
“E aconteceu que, estando ele em casa, sentado à mesa, chegaram muitos publicanos e pecadores, e sentaram-se juntamente com Jesus e seus discípulos. E os fariseus, vendo isso, disseram aos seus discípulos: Por que come o vosso Mestre com os publicanos e pecadores?”
A resposta de Jesus revela Sua missão: Ele não veio buscar os justos, mas sim os pecadores arrependidos. Mateus não apenas recebeu essa graça, mas também se tornou um dos doze apóstolos, sendo usado por Deus para escrever o Evangelho que leva seu nome.
A transformação de Mateus nos ensina que Deus não olha para o passado de uma pessoa, mas para seu coração e disposição em segui-Lo. Seu chamado reforça que qualquer um pode ser alcançado pela misericórdia divina, independentemente de sua história ou da forma como a sociedade o vê.
Zaqueu: O Cobrador de Impostos que Encontrou a Salvação
Entre os cobradores de impostos na Biblia, Zaqueu se destaca por sua transformação ao encontrar-se com Jesus. Ele era um chefe dos publicanos em Jericó, o que significa que tinha uma posição elevada na estrutura de arrecadação de tributos. Como consequência, Zaqueu era extremamente rico, mas também desprezado pelo povo judeu, que via nos cobradores de impostos símbolos de opressão e corrupção.
A história de sua conversão está registrada em Lucas 19:2-10 (ARC). Quando Jesus passava por Jericó, Zaqueu, sendo de pequena estatura, subiu em uma figueira brava para conseguir vê-Lo. Esse simples ato demonstra sua grande curiosidade e desejo de conhecer o Mestre. Ao avistá-lo, Jesus tomou a iniciativa e o chamou pelo nome:
“E, quando Jesus chegou àquele lugar, olhando para cima, viu-o e disse-lhe: Zaqueu, desce depressa, porque hoje me convém pousar em tua casa.” (Lucas 19:5, ARC)
Esse convite inesperado causou espanto entre os presentes, pois, novamente, os fariseus e os religiosos questionavam por que Jesus se associava a publicanos e pecadores. No entanto, o encontro com Cristo resultou em uma mudança radical na vida de Zaqueu. Ele não apenas reconheceu seus erros, mas também tomou uma atitude concreta de arrependimento, declarando:
“Senhor, eis que eu dou aos pobres metade dos meus bens; e, se em alguma coisa tenho defraudado alguém, o restituo quadruplicado.” (Lucas 19:8, ARC)
Esse compromisso demonstrava um coração verdadeiramente arrependido e disposto a reparar seus erros. Como resposta, Jesus proclamou:
“Hoje, veio a salvação a esta casa, pois também este é filho de Abraão. Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o que se havia perdido.” (Lucas 19:9-10, ARC)
A história de Zaqueu ensina que ninguém está além da redenção. Mesmo alguém que fosse visto como corrupto e indigno pela sociedade pôde experimentar a salvação ao encontrar-se com Jesus. Além disso, a restituição quádrupla que Zaqueu propôs reflete o verdadeiro arrependimento, que não se limita a palavras, mas se manifesta em ações concretas.
Dessa forma, o relato de Zaqueu reforça um dos principais ensinamentos sobre os cobrador de impostos na Biblia: a graça de Deus não faz distinção de pessoas e está disponível para todos que se arrependem genuinamente e escolhem seguir a Cristo.
A Lição de Jesus Sobre os Cobradores de Impostos e a Graça de Deus
A presença do cobrador de impostos na Biblia não se limita apenas a personagens individuais, como Mateus e Zaqueu. Jesus frequentemente usava publicanos como exemplo para ensinar sobre a graça de Deus e a verdadeira humildade. Enquanto os líderes religiosos da época confiavam em suas próprias justiças e desprezavam os pecadores, Cristo mostrou que o Reino de Deus é acessível àqueles que reconhecem sua necessidade de perdão.
Um dos ensinamentos mais marcantes sobre os cobradores de impostos está na parábola do fariseu e do publicano, narrada em Lucas 18:9-14 (ARC). Jesus conta a história de dois homens que subiram ao templo para orar: um fariseu, que se considerava justo, e um publicano, que reconhecia sua condição pecaminosa. O fariseu orava exaltando suas boas obras, dizendo:
“Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros; nem ainda como este publicano.” (Lucas 18:11, ARC)
Enquanto isso, o publicano, cheio de arrependimento, sequer ousava levantar os olhos aos céus e apenas clamava:
“Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador!” (Lucas 18:13, ARC)
Jesus conclui a parábola afirmando que foi o publicano, e não o fariseu, quem saiu do templo justificado diante de Deus. Isso ensina que o Senhor não se agrada da arrogância espiritual, mas aceita aqueles que se humilham e buscam Sua misericórdia.
Essa lição se conecta diretamente com o que vimos na vida de Mateus e Zaqueu. Ambos eram publicanos que, ao se encontrarem com Jesus, reconheceram sua necessidade de transformação. A graça de Deus não faz acepção de pessoas, e a salvação não depende de méritos humanos, mas do arrependimento sincero e da fé em Cristo.
A conexão com o Salmo 51
No primeiro tópico deste artigo, mencionamos que o Salmo 51 reforça essa mensagem de redenção e transformação. O Salmo 51, onde Davi expressa profundo arrependimento e busca a misericórdia divina após seu pecado. Em Salmo 51:17 (ARC), ele declara:
“Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus.”
Assim como o publicano da parábola e os cobradores de impostos que encontraram a salvação, Davi compreendeu que Deus não se agrada apenas de rituais religiosos vazios, mas busca um coração arrependido. A graça de Deus é oferecida a todos, independentemente de seu passado, desde que haja um arrependimento genuíno.
A história do cobrador de impostos na Biblia nos ensina que ninguém está além do alcance da misericórdia divina. Jesus veio para salvar o que estava perdido, e todo aquele que se humilhar diante d’Ele, como Zaqueu, Mateus e o publicano da parábola, encontrará perdão, restauração e uma nova vida em Deus.