A história do conflito entre judeus e samaritanos tem raízes profundas e envolve fatores históricos, culturais e religiosos que se estenderam por séculos. Para entender por que os judeus não se davam com os samaritanos, é necessário voltar ao período do Antigo Testamento, quando o povo de Israel se dividiu após a morte do rei Salomão.

Com a separação do reino, surgiu o Reino do Norte, cuja capital era Samaria, e o Reino do Sul, governado a partir de Jerusalém. No ano 722 a.C., os assírios invadiram Samaria e levaram muitos israelitas cativos, repovoando a região com estrangeiros que trouxeram suas crenças e costumes. Essa miscigenação fez com que os judeus do sul passassem a considerar os samaritanos como um povo misturado e espiritualmente corrompido. A principal questão não era apenas étnica, mas religiosa: os samaritanos mantinham parte da Lei de Moisés, mas também adotaram influências pagãs, o que gerou forte rejeição por parte dos judeus.

No Novo Testamento, essa hostilidade ainda era evidente. João 4:9 (ARC) registra um episódio significativo quando Jesus conversa com uma mulher samaritana junto ao poço de Jacó: “Disse-lhe, pois, a mulher samaritana: Como, sendo tu judeu, me pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana? (Porque os judeus não se comunicam com os samaritanos.)”. Esse trecho confirma que, nos tempos de Jesus, era impensável para um judeu manter qualquer tipo de relação com um samaritano, mesmo em situações cotidianas.

Essa inimizade foi reforçada por disputas sobre o verdadeiro local de adoração. Enquanto os judeus consideravam Jerusalém como o centro espiritual, os samaritanos defendiam que o lugar correto era o Monte Gerizim. Com o passar dos séculos, esse conflito se intensificou, a ponto de muitos judeus evitarem atravessar a região da Samaria durante suas viagens.

Embora essa divisão parecesse irreconciliável, Jesus ensinou que o amor e a misericórdia devem estar acima das barreiras étnicas e religiosas. No decorrer do artigo, veremos como Ele confrontou esse preconceito e trouxe uma nova perspectiva sobre o relacionamento entre esses povos, também iremos falar no final, como este tema se relaciona com o salmo 133 explicação.

Porque os Judeus Não se Davam Com os Samaritanos
Porque os Judeus Não se Davam Com os Samaritanos

Os Samaritanos Eram Judeus

A origem dos samaritanos é uma questão fundamental para entender se os samaritanos eram judeus. Historicamente, os samaritanos descendiam dos israelitas do Reino do Norte, mas com o passar do tempo, sua identidade foi questionada pelos judeus do Reino do Sul.

Após a conquista da Samaria pelos assírios em 722 a.C., grande parte da população foi deportada e, em seu lugar, foram trazidos estrangeiros de várias nações. Esses novos habitantes passaram a conviver com os israelitas que permaneceram na região, resultando em uma mistura cultural e religiosa. Os samaritanos eram judeus de origem, mas sua linhagem e práticas foram influenciadas por outras nações, o que os tornava diferentes dos judeus de Judá.

A principal divergência entre os dois povos estava na adoração a Deus. Enquanto os judeus seguiam a tradição do Templo em Jerusalém, os samaritanos afirmavam que o verdadeiro lugar de adoração era o Monte Gerizim. Essa discordância gerou sérios conflitos e reforçou o afastamento entre as comunidades.

Essa divisão é mencionada no diálogo entre Jesus e a mulher samaritana, registrado em João 4:9 (ARC): “Disse-lhe, pois, a mulher samaritana: Como, sendo tu judeu, me pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana? (Porque os judeus não se comunicam com os samaritanos.)”. Esse versículo mostra que a separação entre judeus e samaritanos não era apenas histórica, mas também social e religiosa.

Embora os samaritanos fossem judeus em sua origem, os judeus de Jerusalém não os consideravam como parte legítima do povo de Deus. Para eles, a mistura com outras nações e a divergência no culto faziam dos samaritanos um grupo impuro. No entanto, Jesus, ao interagir com samaritanos, demonstrou que Deus não faz acepção de pessoas, quebrando barreiras que haviam sido erguidas ao longo dos séculos.

O Templo de Jerusalém e o Monte Gerizim: A Disputa Pelo Lugar de Adoração

Um dos principais motivos porque os judeus não se davam com os samaritanos era a disputa sobre o verdadeiro lugar de adoração. Enquanto os judeus afirmavam que o Templo de Jerusalém era o único local legítimo para prestar culto a Deus, os samaritanos defendiam que a adoração deveria ocorrer no Monte Gerizim. Essa diferença gerou um conflito que se estendeu por séculos e reforçou a separação entre os dois povos.

A origem dessa controvérsia remonta ao período da divisão do Reino de Israel. Quando as dez tribos do norte se separaram do Reino de Judá, o rei Jeroboão, temendo que seu povo voltasse a Jerusalém para adorar, estabeleceu altares em Betel e Dã. Mais tarde, os samaritanos passaram a considerar o Monte Gerizim como o local sagrado escolhido por Deus, pois era lá que Josué teria proclamado as bênçãos ao povo de Israel após a travessia do Jordão (Josué 8:33).

Os judeus rejeitavam essa visão e insistiam que Deus havia escolhido Jerusalém como o centro da adoração. A disputa se intensificou quando, por volta do século IV a.C., os samaritanos construíram um templo no Monte Gerizim. Esse templo foi destruído pelos judeus no século II a.C., aumentando ainda mais a hostilidade entre os dois grupos.

Esse conflito é evidenciado no diálogo entre Jesus e a mulher samaritana em João 4:20 (ARC): “Nossos pais adoraram neste monte, e vós dizeis que é em Jerusalém o lugar onde se deve adorar.”. Nesse versículo, a mulher expressa a antiga questão que separava judeus e samaritanos. No entanto, Jesus responde que a verdadeira adoração não está limitada a um local físico, mas deve ser feita “em espírito e em verdade” (João 4:23-24).

Embora essa disputa tenha sido um fator central porque os judeus não se davam com os samaritanos, Jesus demonstrou que o mais importante não era o local da adoração, mas sim o coração do adorador. Essa lição permanece relevante até hoje, mostrando que a verdadeira fé transcende barreiras culturais e religiosas.

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A Visão dos Judeus Sobre os Samaritanos na Época de Jesus

Na época de Jesus, o preconceito entre judeus e samaritanos ainda era muito forte. Esse era um dos principais motivos porque os judeus não se davam com os samaritanos, pois a relação entre os dois povos era marcada por desconfiança e hostilidade. Para os judeus, os samaritanos eram considerados impuros, tanto pela sua origem quanto por suas práticas religiosas.

Mesmo que os samaritanos fossem judeus em sua descendência, os judeus de Jerusalém os viam como um povo misturado e espiritualmente corrompido. Além disso, os samaritanos rejeitavam muitos dos escritos judaicos, aceitando apenas o Pentateuco (os cinco primeiros livros da Bíblia). Essa diferença nas crenças religiosas reforçava a divisão entre os dois povos.

O desprezo dos judeus pelos samaritanos era tão intenso que muitos evitavam atravessar a região da Samaria em suas viagens. Quando precisavam ir da Judeia à Galileia, preferiam um caminho mais longo, contornando a Samaria, apenas para não ter contato com seus habitantes. Essa segregação era também evidente na vida religiosa, pois os samaritanos eram proibidos de entrar no templo de Jerusalém e de participar dos cultos judaicos.

No entanto, Jesus quebrou esse preconceito ao interagir com os samaritanos. Em João 4, Ele conversa com uma mulher samaritana, surpreendendo até mesmo os próprios discípulos. Esse episódio demonstra que, apesar da visão negativa que os judeus tinham dos samaritanos, Jesus enxergava neles um povo igualmente digno de receber a mensagem do Evangelho.

Com essa atitude, Cristo mostrou que o amor e a verdade estão acima das diferenças culturais e religiosas. Ao longo do ministério de Jesus, vemos diversos exemplos em que Ele confronta a mentalidade exclusivista dos judeus e ensina que o Reino de Deus é para todos, independentemente de sua origem.

O Ensino de Jesus Sobre os Samaritanos: Que Lições Podemos Aprender?

Jesus veio para quebrar barreiras e transformar a maneira como as pessoas se viam umas às outras. Ao longo de seu ministério, Ele desafiou a mentalidade exclusivista dos judeus e mostrou que a misericórdia de Deus não estava restrita a um único povo. Esse ensinamento é fundamental para compreender porque os judeus não se davam com os samaritanos, pois Jesus demonstrou que, diante de Deus, as divisões humanas não têm valor.

Um dos exemplos mais marcantes desse ensinamento está na parábola do Bom Samaritano, contada por Jesus em Lucas 10:33-34 (ARC): “Mas um samaritano que ia de caminho chegou ao pé dele e, vendo-o, moveu-se de íntima compaixão; e, aproximando-se, atou-lhe as feridas, aplicando-lhes azeite e vinho; e, pondo-o sobre a sua cavalgadura, levou-o para uma estalagem e cuidou dele.”. Essa história foi impactante porque os judeus jamais esperariam que um samaritano fosse apresentado como um exemplo de bondade e compaixão.

Jesus também demonstrou sua visão sobre os samaritanos em João 4, quando conversou com a mulher samaritana junto ao poço de Jacó. Ele ignorou os preconceitos de sua época e revelou àquela mulher verdades profundas sobre a adoração e a vida eterna. Esse episódio mostrou que os samaritanos eram judeus de origem, mas sua salvação não dependia de sua identidade étnica, e sim de seu relacionamento com Deus.

A lição mais importante que podemos tirar desse ensinamento é que o amor deve estar acima das diferenças. Assim como Jesus não fez acepção de pessoas, devemos aprender a enxergar o próximo sem preconceitos, independentemente de sua cultura, origem ou crença.

A Relação Com o Salmo Citado Anteriormente

Essa mensagem de Jesus tem um forte paralelo com o Salmo 133, que afirma: “Oh! Quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união!”. Esse salmo expressa o desejo de Deus para o seu povo: que a unidade prevaleça sobre as divisões. O conflito entre judeus e samaritanos representava uma ferida aberta na história de Israel, mas Jesus veio para restaurar o amor e a comunhão entre os povos.

Ao refletirmos sobre essa lição, somos convidados a praticar a verdadeira fraternidade cristã, lembrando que a misericórdia e o amor devem sempre falar mais alto do que as diferenças que nos separam.

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